domingo, 21 de junho de 2015

Varanda dos ulmeiros

Varanda dos ulmeiros

Vou para a varanda contemplar o fulgor dos astros
e olhar a sebe de ulmeiros,
à beira da estrada
ao pé do rio.

Vou ouvir a passarada assobiando acordes
em falsete agudo
que ninguém entende.

Aqui me posto atento
nada perdendo,
até tremer de frio, enregelado.

Preciso do choque agreste da atmosfera
para retesar minhas cordas lassas
e fazê-las vibrar ao vento.

Ver os clarões da vida a borbotar em jactos.
Registar na mente
os derradeiros factos
que, no dia a dia,
a história escreve.

Sarsa ardente,
vulcão em chama,
derramando lava,
depois de seca,
fertiliza a terra.

Bebo na fonte,
ali à bica,
matando a sede,
num caudal perene,

Pombo correio,
leio os segredos,
nados do fundo,
para os desvendar,
para bem do mundo.


Só colho a esperança
para a levar no bico.

ouvindo Mozart

Berlin, 22 de Junho de 2015
6h49m

um céu de cinza
Joaquim Luís Mendes Gomes

Sem comentários:

Enviar um comentário