A senhora Sexta-Feira
Vivia em Ganjola,
arredores de Catió.
Era a doce companheira
do senhor Brandão.
Um desterrado de Arouca
a cumprir pena na Guiné.
Fez-se comerciante.
Vendia de tudo aos nativos,
por todo o sul desde Bedanda a Cufar.
Faziam bicha em corropio
as mulheres negras
açafates à cabeça,
e filhinhos atrás das costas.
Traziam ovos,
traziam galinhas
de cristas rubras
e levavam arroz e sal
para suas tabancas.
Sua casa era um palacete,
à beira-rio.
Onde abundavam os crocodilos,
mas havia peixe a dar com pau.
Ali fui parar um mês com meu pelotão.
Como num quartel.
Ali dei com o célebre brandão,
sempre rodeado de muitas crianças,
que lhe ventilavam o ar,
na sua esteira suspensa.
E havia uma senhora negra,
cabelo grisalho
um rosto belo,
cheio de rugas
e uns olhos brilhantes,
um sorriso divino e puro.
Era a Sexta-Feira.
Cozinhava tão bem!...
Que será feito dela?
Berlin, 19 de Junho de 2015
8h47m
Joaquim Luís Mendes Gomes
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