quarta-feira, 3 de junho de 2015

Cabra-cega

A cabra-cega

Vi-a a voar, uma cabra-cega.
Num voo curtinho
E fui apanhá-la.

Poisou num arbusto.
Recolheu suas asas
E deixou-se pegar.

Que forma tão estranha, mas bela.
Nem pássaro nem verme.
Uma pequenina cabeça,
Sem boca.
Só com tenazes.
Reluzem dois olhos.
Parecem opacos.

Não canta nem ouve.
Nem cheira…
Como será que se move?

Não gosta de sapos.
Bastaria picá-los.
De que será que ela vive?
Onde buscou o seu fato?
Feito à medida.
Nem sobra nem míngua…

Pu-la na mão com um certo receio.

Atirei-a ao ar.
As asas se abriram
E voltou a voar…

Berlin, 3 de Junho de 2015
17h20m
Joaquim Luís Mendes Gomes



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