segunda-feira, 30 de julho de 2018

Laçadas falsas...

Laçadas falsas...

Passo meu tempo a desatar laçadas como quem raspa raspadinhas.
Um engodo.
Todas brancas.
Não há como saber bem o chão onde se pisa os pés.
Ninguém apanha um precavido.
Dos desatentos gosta o carteirista.
Caminhar com a cabeça a pino é remédio santo
para quem quer caír.
Tantos males seriam evitados se, na cabeça, houvesse tino.
Mas, há sempre tempo para corrigir, enquanto há tempo...
Bar "O caracol", arredores de Mafra
30 de Julho de 2018
10h49m
Jlmg

Vários...

Deixem correr o rio…
Deixem correr o rio.
Ele tem o seu destino.
Tem muito que andar.
E não pode voltar para trás.
Quem o quer ver contente
É não se lhe pôr à frente.
Com comportas ou barragens.
Ninguém gosta de estar preso.
Não foi para isso que ele nasceu.
Foi feito para correr livre.
Da nascente até ao mar…
Ouvindo 3º concerto para piano e orquestra, de Rachmaninov com Martha Argerich
29 de Julho de 2018
21h2m
Jlmg
GostoMostrar mais reações
Comentar
Comentários
Pequeno almoço no café
Chegam alegres mas ensonadas as famílias, umaà uma.
As mesas se vão enchendo.
Diálogos cruzados pela sala fazem com que cada um se sinta em casa.
À porta a bicha para tirar a senha.
Por detrás do balcão corrido,
num frenético frenesi,
andam as moças tirando cafés e entregando bolos.
A registadora não pára de tiritar contente.
Há risos e sorrisos de crianças ao pé dos pais.
Felizes.
Os beiços lambuzados de creme e chocolate.
Entreentes, vão rabiscando os cadernos novos que lhes compraram na papelaria.
É a alegria e pausa boa de Domingo...
Bar dos Sete Momentos nos arredores de Mafra,
29 de Julho de 2018
10h30m
Jlmg
Gosto
Comentar
Comentários
Redes de arame…
Fiadas de redes de arame, altas ou baixas, cercam a liberdade e defendem medos escondidos de invasão.
São negativas na sua essência. 
Por mais arame que elas possam ter, afastam mundos que nasceram para ser iguais e irmãos.
Impensável um mundo de casas sem portas cerradas por correntes.
Como de regras o trânsito acelerado dos carros pelas estradas.
Só as nuvens viajam em plena liberdade. Mas muito lá em cima. Para que o furor da inveja não as despedace.
Que inveja santa eu tenho do condor e das gaivotas…
Ouvindo Khatia Buniatishvili em concerto de Haydn pra piano e orquestra
Mafra, 29 de Julho de 2018
9h28m
Jlmg
GostoMostrar mais reações
Comentar
Comentários
Primeiro flash inesperado da manhã
Vinha na minha caminhada matinal, em passadas certas, inebriado pela frescura e serenidade da manhã, depois de dar a primeira saudação ao vizinho que saía ao seu jardim, quando oiço atrás de mim, umas passadas em passo apressado e vincado, de alguém que depois me ultrapassou sem dar bom dia ou qualquer sinal de fraternidade.
Calças pretas em tecido ligeiro sem nenhum vinco; uma camisa rubra viva e um bornal a tiracolo.
Fazia também a sua caminhada de manutenção. 
Mais apressada que a minha.
A rua está ladeada de boas moradias, gradeadas.
Por dentro, nos terreiros, andam os cães de guarda.
Às grades duma delas assomaram dois, farejando com olhar arguto.
Eis que o meu companheiro mais apressado atravessa a rua e vai ter com eles.
Aguardavam-no visivelmente, pressurosos.
Fez-lhe umas festinhas por entre os ferros e depois seguiu.
Quando cheguei à curva voltei a vê-lo ao fundo. Lá ia ele se afundando pela ladeira íngreme…
Ouvindo concerto para piano nº 2 de Rachmaninov por Khatia Buniatishvilli
Mafra, 29 de Julho de 2018
8h46m
Jlmg
GostoMostrar mais reações

Suaves recordações

Suaves recordações…

São suaves as recordações dos tempos da juventude.
Quando, o horizonte tinha a profundidade e alcance dum mar sem fim.
Quando, cada dia somava e não subtraía.
Jogar às cartas era só adoçar o tempo sem o sentir como perdido.

Quando se comprava tudo em prestações, sem atender ao prazo que custavam, somado ao preço.
Quando não havia tempo para meditar, mas só para o sonho.

Quando nossos pais só eram bons, mesmo que para ralhar.

Quando era bom o ir à missa mesmo que só para o depois no adro.

E como custava tanto o findar do dia só por acabar a brincadeira.

Agora, é só recordar porque, por mais que lembre, o passado não voltará...

Bar "O Caracol" nos arredores de Mafra, 30 de Julho de 2018
10h1m
Jlmg









domingo, 29 de julho de 2018

Um flash matinal...

Um flash matinal...

Primeiro flash inesperado da manhã
Vinha na minha caminhada matinal, em passadas certas, inebriado pela frescura e serenidade da manhã, depois de dar a primeira saudação ao vizinho que saía ao seu jardim, quando oiço atrás de mim, umas passadas em passo apressado e vincado, de alguém que depois me ultrapassou sem dar bom dia ou qualquer sinal de fraternidade.
Calças pretas em tecido ligeiro sem nenhum vinco; uma camisa rubra viva e um bornal a tiracolo.
Fazia também a sua caminhada de manutenção.
Mais apressada que a minha.
A rua está ladeada de boas moradias, gradeadas.
Por dentro, nos terreiros, andam os cães de guarda.
Às grades duma delas assomaram dois, farejando com olhar arguto.
Eis que o meu companheiro mais apressado atravessa a rua e vai ter com eles.
Aguardavam-no visivelmente, pressurosos.
Fez-lhe umas festinhas por entre os ferros e depois seguiu.
Quando cheguei à curva voltei a vê-lo ao fundo. Lá ia ele se afundando pela ladeira íngreme…
Ouvindo concerto para piano nº 2 de Rachmaninov por Khatia Buniatishvilli
Mafra, 29 de Julho de 2018
8h46m
Jlmg
youtube.com
Khatia Buniatishvili plays Piano Concerto No. 2 by S. Rachmaninov Filarmonica Teatro Regio Torino…

Redes de arame...

Redes de arame…
Fiadas de redes de arame, altas ou baixas, cercam a liberdade e defendem medos escondidos de invasão.
São negativas na sua essência. 
Por mais arame que elas possam ter, afastam mundos que nasceram para ser iguais e irmãos.
Impensável um mundo de casas sem portas cerradas por correntes.
Como de regras o trânsito acelerado dos carros pelas estradas.
Só as nuvens viajam em plena liberdade. Mas muito lá em cima. Para que o furor da inveja não as despedace.
Que inveja santa eu tenho do condor e das gaivotas…
Ouvindo Khatia Buniatishvili em concerto de Haydn pra piano e orquestra
Mafra, 29 de Julho de 2018
9h28m
Jlmg

Pequeno almoço no café...

Pequeno almoço no café

Chegam alegres mas ensonadas as famílias, umaà uma.
As mesas se vão enchendo.
Diálogos cruzados pela sala fazem com que cada um se sinta em casa.
À porta a bicha para tirar a senha.
Por detrás do balcão corrido,
num frenético frenesi,
andam as moças tirando cafés e entregando bolos.

A registadora não pára de tiritar contente.

Há risos e sorrisos de crianças ao pé dos pais.
Felizes.
Os beiços lambuzados de creme e chocolate.

Entrementes, vão rabiscando os cadernos novos que lhes compraram na papelaria.
É a alegria e pausa boa de Domingo...

Bar dos Sete Momentos nos arredores de Mafra,
29 de Julho de 2018
10h30m
Jlmg


sábado, 28 de julho de 2018

Minh'alma leve...

Minh'alma leve...
Minh'alma leve,
batendo as asas
como um passarinho,
Aspira ao vento, a soluçar.
Bendiz a vida e
reclama paz.

O sol lhe bate.
Reluz ardente.
Seara verde,
Semeia versos,
sem poder parar.
Se dependesse dela,
que regalo era.
Não havia penas,
não havia dores,
seria bom viver,
seria bom voar.
Minh'alma leve,
como caravela ao vento,
dá a volta ao mundo,
semeando cor.
Só regressa a casa,
quando toda a gente dorme,
com a alma cheia,
a sonhar serena,
com a poesia bela
que lhes caíu do céu...
Bar Sete Momentos, arredores de Mafra,
28 de Julho, 9h54m
Jlmg

sexta-feira, 27 de julho de 2018

Minhas ideias...

Minhas ideias...
Sinto empastadas minhas ideias.
Se apagaram as estrelas.
Está escuro o céu.
Espero ansioso a luz da lua.
Para desfazer este negrume.
O silêncio é negro.
Como nuvem ao cair da noite.
O ar é baço.
Só o sorriso breve duma criança
Me poderia desfazer o peso.
Quem me dera de novo o sol a brilhar ao vento.
Preciso das cores floridas do meu jardim.
Elas me sorriem sempre ao abrir da janela.
Lhes agradeço religiosamente seu ar de cor.
Coitados dos sete cavalos na Mata à frente.
Passam sózinhos ali a noite...
Mafra, 27 de Julho de 2018
11h23m
Jlmg

quinta-feira, 26 de julho de 2018

O momento de gloria

Momento de glória...

A glória se dissipa como a nuvem brilhante no céu.
A voz com talento sobe ao palco.
Faz-se silêncio e entoa com brilho uma melodia de encanto.
As almas se inibriam de enlevo.
Batem as palmas e choram emotivas.

Quem canta fica atónito.
Para si é tão fácil.
Aceita e agradece com vénia.
A cortina o oculta.
Um aplauso sem fim.

Depois, só fica a lembrança...

Bar dos Sete Momentos, arredores de Mafra
10h23m
Jlmg

Fumaça...

Fumaça...
Tudo se esfuma, por mais imponente.
O brilho e a fama se apagam,
Mais cedo ou mais tarde.
Para que serve a vaidade senão para iludir?
A faiança doirada se escaqueira no chão.
Até o sol e a lua se apagam no céu.
Perder e ganhar não tem excepção.
O pobre foi rico.
A riqueza se vai.
Quem estraga o que tem 
Fica pobre também...
Bar dos Sete Momentos, arredores de Mafra,
26 de Julho de 2018
Jlmg

Os sintomas

Os sintomas

A natureza é pródiga em dar sinais.
Nunca acomete sem avisar.
Cobre de negro o céu antes da tempestade.
Manda o vento atiçar o mar.

Espalha estrondos com trovoada.
Na hora exacta, ali está em majestade.
Leva tudo à frente.
O tsunami. O fogo na floresta.

Connosco é igual.
Uma dor de cabeça.
Um arrepio frio.
Um espirro abrupto.
É o aviso.
- Presta atenção!

Ela é leal.
Mas, vingativa.
Ninguém a despreze.
Perdão não há...

Bar dos Sete Momentos, arredores de Mafra,
26 de Julho de 2018
9h19m
Jlmg



quarta-feira, 25 de julho de 2018

Suspirar da alma...

Suspirar da alma…

É no silêncio austero da solidão que a alma sente o peso da sua existência temporal.

Quando, à volta, reina a secura e a abstracção total de valores.
Quando o mundo se alheia das alturas e mergulha nas profundezas inóspitas dos valores falsos ou ilusórios.
E todos os caminhos desaguam no mar do consumismo estéril.

E não se divisam ao longe e em nenhuma parte os sinais de correcção.

Então a alma cai no desalento e suspira pelo além…

Ouvindo a melodia da “Lista de Schindler”
Mafra, 23 de Julho de 2018
21h39m
Jlmg
Que sei eu?…

Por mais que esbraceje, estude ou medite,
Que sei eu de tudo que me cerca?

É imenso o universo ignoto.
Nem eu sei bem quem sou ao certo.
Me surpreendem muitas vezes as reacções inesperadas.
Não vejo sempre tudo na mesma cor.
Como as nuvens que planam pelo céu trocam a sua roupa, assim os meus desejos mais profundos se entrelaçam.
Quem podia avançar na minha infância as transformações gerais que haveriam de acontecer?
Que virá ainda que não posso alcançar agora?

A existência é um evoluir automático que tem as suas regras imprevisíveis.

Oxalá tudo chegue a bom porto…

Ouvindo concerto de Schumann por Khatia  Buniathisvili

Mafra, 24 de Julho de 2018
7h24m
Jlmg




terça-feira, 24 de julho de 2018

Aí vem o rio...

Aí vem o rio...

Aí vem o rio, montanha abaixo.
Como um perro, farejando o chão.
Aqui, salta, ali, sossega.
Aqui, se espraia,
Ali, se estreita e se enlaça.

Atrevido, avança e alaga.
Ora põe ora desfaz.
Caloteiro.
Quando se cansa,
Vai-se embora
Sem pagar a conta.

Nunca espera.
Às vezes seca.
Parece morto.
Vem uma chuvada,
Logo arrebita e se põe em fuga.
Tudo a eito.

Se não houvesse rios,
Ficaria imperfeito este mundo só.
Só haveria mar...

Bar Setemomentos em Mafra, 24 de Julho de 2018
Jlmg


Episódio real...

Episódio real
Pode interessar a alguém. Por isso o narro aqui.
Temos uma prima da nossa idade que mora sózinha em Lisboa.
Veio, hoje, passar o dia connosco aqui em Mafra.
Utilizou um dos autocarros que fazem essa ligação diária com Ericeira.
Almoçámos fora. Depois, passámos a tarde juntos.
Entretanto, o nosso filho pediu-nos o carro para ir tratar dum assunto dele.
A hora de retorno a casa aproximou-se. 
Foi então que demos conta de que não havia carro para levar a prima ao autocarro.
Gerou-se uma contenda, quente,entre o casal. 
Fui acusado de que não deveria ter deixado sair o carro sem me assegurar de que ele viria a tempo. Como se eu adivinhasse...
Claro que não me passou pela cabeça de que iria acontecer este choque de interesses.
Barafustei. Estas coisas acontecem e não há culpados.
O filho não usa telemóveis.
Teríamos de esperar para ver.
Quando a prima se preparava já para seguir a pé, aparece o carro. O filho, muito sorridente.
- Eu ouvi tudo. - disse.
Entregou-nos a viatura e lá fomos. Ainda esperamos pelo autocarro.
Quando chegamos, o filho começou a relatar a discussão que tinha havido, reproduzindo as palavras utilizadas por nós e a sequência exacta das reacções. Tal e qual.
Porquê?
Porque alguém invisível lhe segredou na mente tudo. Levando-o a interromper a compra que estava a fazer no “Rádio Popular”,
- teria de seguir para casa a entregar o carro. 
E porquê?
Ficou preocupado e sua vontade era vir a correr. 
De novo essa voz o serenou. Iria chegar a tempo.
Ficamos atarantados. Os dois. 
O filho acrescentou que estas coisas lhe acontecem muito frequentemente.
Sente que não vive só. Há alguém que o acompanha muito de perto e comunica com ele…
Mafra, 23 de Julho de 2018
2044m
Jlmg

Que sei eu?...

Que sei eu?…
Por mais que esbraceje, estude ou medite,
Que sei eu de tudo que me cerca?
É imenso o universo ignoto.
Nem eu sei bem quem sou ao certo.
Me surpreendem muitas vezes as reacções inesperadas.
Não vejo sempre tudo na mesma cor.
Como as nuvens que planam pelo céu trocam a sua roupa, assim os meus desejos mais profundos se entrelaçam.
Quem podia avançar na minha infância as transformações gerais que haveriam de acontecer?
Que virá ainda que não posso alcançar agora?
A existência é um evoluir automático que tem as suas regras imprevisíveis.
Oxalá tudo chegue a bom porto…
Ouvindo concerto de Schumann por Khatia Buniathisvili
Mafra, 24 de Julho de 2018
7h24m
Jlmg

domingo, 22 de julho de 2018

O regaço...

O regaço...

Espaço sacro e abrigo aberto.
Mesa bem posta,
Com pão, vinho e amor.
Espaço cercado,
Batido de paz e de sol,
Frescura de sombra.
Castelo seguro e oculto,
Jardim em flor.

Cruzamento. Encontros.
Sem espaços vazios.
Regalo dos ricos
E consolo dos pobres.
A terra no céu...

Mafra, 23 de Julho de 2018
7h53m
Jlmg





sábado, 21 de julho de 2018

Quem me diz?

Quem me diz?...
Quem me diz onde fica o mar da harmonia 
onde chegam ondas de paz e entendimento?
Quero deitar-me ao sol na sua praia.
Fugir ao stress deste mundo imundo.
Sentir o ar a dançar ao vento.
Ouvir sózinho o silêncio puro.
Renovar as forças para esta vida atroz.
Largar as penas que me desfacelam a alma.
Trazer para casa a paz que me alimenta o espírito.
Rever o sol a se deitar no mar.
Esperar a lua ao cair da noite.
Pedir a Deus sua bênção de Pai.
Sentir-me a terra como se fosse o céu...
Mafra, 21 de Julho de 2018
20h43m
Jlmg

sexta-feira, 20 de julho de 2018

Erva do chão

Erva do chão...

Não rapem a erva do chão. Alguém a põe lá com um destino marcado.
Serve de pão ao gado com fome.
Que vive sem contas. Nem compra fiado.

Tinge de verde a terra bendita.
Alegra os olhos.
Cresce à chuva, com bênçãos dos céus.
Larga a semente que, de graça, a perpetua no tempo.
A vida a jorrar, fonte incessante.

Pegar e levar...

Bar Pólo Norte em Mafra, 20 de Julho de 2018
11h6m - ouvindo concerto nº 1 de Brahms por Hélène Grimaud
Jlmg 

sábado, 14 de julho de 2018

Alma de santo...


Alma de santo...

Alma de santo e corpo pecador é a condição de vida que o homem tem.

Um barco de madeira a vogar à tona do destino, sem naufragar.

Sua bússola é a ânsia de chegar ao porto. Livre e seguro.

Como a ave que levanta voo de manhãzinha procurando o pão e se deita saciada ao cair da tarde.

A alegria dum milheiral, verde e baloiçante ao vento, regalando meu olhar.

Três ciclistas de fim de semana, já de idade, atracaram sedentos aqui ao bar e lá seguem bem dispostos, retemperando os seus músculos.

E, num incessante vai e vem de carros, entre Mafra e Ericeira,
se esgueira o tempo que não pára...

ouvindo
Piano Love Songs no youtube

Mafra, 14 de Julho de 2018,
10h38m
Jlmg

Lua desgrenhada

Lua desgrenhada
Através dos ramos desgrenhados das árvores nuas, enxergo o luar da lua alba, iluminada, com rabiscos negros, indecifráveis, à flor da pele.
Sonidos indefinidos se espraiam pelo universo em tumultos imaginários.
Me quedo perplexo perante este quadro leve, aromático e cheio de luz.
À minha frente, sempre, a tapada real. Me alarga o mundo. Silenciosa e imensa.
Ainda há cavalos a pastar. Estou a vê-los. Imponente porte. Alheios, mas felizes.Saciados.
Sua metafísica, apenas, é ser felizes com a barriga cheia.
Não é a minha...
Ouvindo “ Silêncio” de Beethoven
Mafra, 14 de Julho de 2018
8h12m
Jlmg

sexta-feira, 13 de julho de 2018

Outra grande guerra...

Outra grande guerra

Outra grande guerra. Desta vez entre o Z e o S.

O Z soube pelo jornal da desavença entre o S e a cedilha.
E, num primeiro momento, deu razão ao S.
Mas, pensando melhor, viu depressa que este tinha caído numa imperdoável incoerência.

- "Bem prega frei Tomás!...

Então, ele não sabe que me fez o mesmo?
Que desfaçatez!...
Quantas vezes o "safado" faz as vezes de Z, e, desnecessáriamente.

Para Z basto eu!...

São às centenas as palavras em que esta vergonha acontece e ninguém quer saber.
São às centenas!...
análise;
casamento;
catalisador;
colisão;
conclusão;
crise;
curiosidade;
decisão;
desejo;
desenhar;
paisagem;
pesquisa;
tesoura;
usuário;
visita;
...
Pois, aqui deixo o meu veemente protesto e reclamo seja reposta a ordem nesta grande barafunda...

Mafra, 13 de Julho de 2018
17h28m
Jlmg

Os males do mindo

Os males da alma

Arremesso ao vento os males da minha alma, confiante de que afoguem nas nuvens e se desfaçam na imensidão do nada.

Chovam do céu as bênçãos da trovoada que despedacem a secura dos lagos e rios em combustão.

Venham do alto as riquezas desperdiçadas pelos ricos famintos e ociosos.

Se encham de abastança as mesas pobres, apenas pobres por injustiça.

Se convençam os governantes de que o poder que têm nas mãos lhes foi apenas confiado para o bem de todos.

Contentem-se os ávidos de paz e de justiça com as sementes puras da concórdia.

Se estreitem as relações dos povos na base firme do respeito mútuo.

Bar do Castelão em Mafra, 13 de Julho de 2018
8h26m
ouvindo Concerto nº 1 para piano e orquestra de Chopin por Olga Scheps
Jlmg

quarta-feira, 11 de julho de 2018

E, pronto!...

E, pronto!...
E, pronto. A noite passou.
Outro dia começa. É assim desde tempos imemoriais.
O silêncio do tempo que, em marcha, lenta e constante, acaba por chegar.
Nos traz o bom e o menos.

Aqui vamos neste cortejo imenso,
através do espaço sideral.
Cada um, na sua senda.
Por vezes, parece, sem controle.
Tão minúsculos.
Arde em nós a vida
E, só nós temos, uma alma imortal...
Mafra, 12 de Julho de 2018
7h20m
Jlmg

Flores do pensamento

As flores do pensamento
Semeei na minha mente
Um punhadinho de sementes,
Sem saber de que seriam.
Esperei que desabrochassem.
Minha mente ficou um jardim.
Flores de tantas cores.
Das maiores às mais pequenas.
Com elas desenhei canteiros
E teci os meus poemas.
Fiz arranjos tão harmoniosos
Como os andores da procissão.
Tão forte o seu perfume,
Vieram aves e borboletas.
Mais parecia um festival.
Quando caía a hora das trindades,
Ali vinham as andorinhas,
Faziam ninhos no meu sobrado e
O enchiam de chilreios.
Meu jardim ardia em coro
Que se ouvia no mundo inteiro.
Mafra, 11 de Julho de 2018
Jlmg