quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

Devasso minha alma...

Devasso minha alma...
Devasso minha alma aos raios luminosos deste sol nascente
E mergulho na profundidade da beleza.
Oiço Chopin na sua majestade sublime.
Abro todas as janelas, apesar do frio.
Entre a paz e a mansidão nas ondas deste mar de luz.
Desfraldo ao vento minhas asas e me baloiço como ave que despertou para a liberdade.
Minhas preces se elevam em oração aos céus.
Meu corpo fica etéreo como uma pena ao vento.
Avanço e brinco a dança das quimeras e da concórdia,
atrás das notas dum piano a arder.
Quem me dera saber cantar solfejos de oiro e diamante como retinem harmónicas as suas cordas tão vibrantes.
É luminoso este sol que faísca os olhos.
Meu peito quente arfa de consolação.
É o mês de Março que nasce da alvorada, anunciando a suave Primavera.
Pelos telhados brancos e copas nuas, cintilam os matizes que dormiam em invernosa sonolência. 
Enquanto o piano como um gamo à solta, corre atónito pela encosta verde.
Bendito o sol que tudo alegra...
ouvindo Concerto nº 1 de Chopin, com Marta Argerix
Berlim, 1 de Março de 2018
7h51m
Jlmg

O meu arado...



O meu arado…

Lavro a terra nua com a força de lavrador.
Sei que virá depressa a recompensa.
Nunca ficou a terra nada a dever.
Nada cobra.
Quem dela espera tudo tem.

Só ela sabe como fazer.
Generosa.
Responde a cem por um.
Cada semente tem o seu tempo.

Nada de adubos.
Só sol e chuva.
O resto é muito,
Mas ela tem.

É sempre bom o que ela cria.
Não olha a rótulos.
Não estudou químicas.
Sem confusões,
Bendita mestra,
Tudo faz na proporção.

Só lhe dou o arado…


Berlim, 28 de Fevereiro de 2018
13h12m
Jlmg

terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

Sedução dos morangos...



Sedução dos morangos…

Na minha vida, longa, 
não conheci ninguém que não goste de morangos.
Reluzem ao sol. Como rubis.
Irradiam calor e frescura, condão que nada mais tem.
Não precisam de açúcar.
Têm a doçura dum torrão.

Despertam os olhos que queriam dormir.
Avivam desejos que pareciam morrer.
Escondidos nas folhas desafiam quem passa com medo dos cães.

Moeda de troca não conhece fronteira.
Seu destino é morrer na boca de alguém que chora por mais…

Berlim, 28 de Fevereiro de 2018
8h46m
Jlmg


segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

Fragmentos...



Os fragmentos…

Se faltam fragmentos numa ponte,
Um dia, ela vem abaixo.

O todo não dispensa a parte. É a sua soma. Una.
O que é essencial nunca se deita fora.
Muito em breve, ele faz falta.

Sem um elo só numa corrente, tudo vai parar ao chão.
Só errando se aprende certo.
Só bem manda quem obedeceu.

Saber de cor é o caminho curto que, depressa, só leva ao erro.

Só desce quem, um dia, subiu.
Não existe no mundo a perfeição total.

Passo a passo e pouco a pouco, se faz uma obra de arte.

Berlim, 27 de Fevereiro de 2018
8h1m
Jlmg