quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

A bilha de barro



A bilha de barro

Esbelta, de barro vermelho, vidrada,
Exposta num canto, em cima da mesa,
Enchia e vasava.
Matava a sede nas tardes de Verão, quando o sol apertava as gargantas e as testas escorriam.

Se enchia com um caneco de cortiça
A partir doutra bilha, bojuda e alta,
De barro sem brilho, ao canto da sala.

Vinha em cântaros dum poço da horta,
Tirada por balde e uma corda em sisal.
Nunca secava nos secos estios e tardes de Agosto.

Uma veia profunda, vinda da serra,
Mantinha o nível constante do poço.
Fartura abençoada.
Em boa hora o avô o abrira com esforço,
Outrora.
Que montanha de saibro e húmus tão negro,
Saíu do seio da terra até se chegar ao golpe da veia.
Que festança que foi a morte da sede da casa e rega da horta,
Em tarde de Agosto…

Ouvindo Pachelbel’s Canon

Berlim, 9 de Fevereiro de 2018
7h23m
Jlmg

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