A bilha de barro
Esbelta, de barro vermelho, vidrada,
Exposta num canto, em cima da mesa,
Enchia e vasava.
Matava a sede nas tardes de Verão,
quando o sol apertava as gargantas e as testas escorriam.
Se enchia com um caneco de cortiça
A partir doutra bilha, bojuda e alta,
De barro sem brilho, ao canto da
sala.
Vinha em cântaros dum poço da horta,
Tirada por balde e uma corda em
sisal.
Nunca secava nos secos estios e
tardes de Agosto.
Uma veia profunda, vinda da serra,
Mantinha o nível constante do poço.
Fartura abençoada.
Em boa hora o avô o abrira com
esforço,
Outrora.
Que montanha de saibro e húmus tão
negro,
Saíu do seio da terra até se chegar
ao golpe da veia.
Que festança que foi a morte da sede
da casa e rega da horta,
Em tarde de Agosto…
Ouvindo Pachelbel’s Canon
Berlim, 9 de Fevereiro de 2018
7h23m
Jlmg
Sem comentários:
Enviar um comentário