Espessura das palavras
Se tecem de letras e sílabas as
palavras, escritas ou faladas.
Poisam nas folhas e sons.
Brilham à luz.
Dormem à sombra.
Transparentes, opacas,
Se assemelham a nuvens.
Carregam o vento.
Toldam a chuva.
Chovem granizo
E tapam as pedras.
Ora sombrias ora às cores,
Dizem ideias.
Se vestem de linho e de lã.
Gelam ao sol
E fogem do frio.
Ateiam o fogo e saltam fogueiras.
Cheiram a rosas e cravos.
Se pintam e penteiam, vaidosas.
Brotam das penas com bicos.
Enchem as pautas de músicas, sereias.
Fazem vestidos de versos, romances e
contos.
Oram serenas as preces aos deuses.
Choram as dores dos passos perdidos
E temem a morte sem tinta.
Ouvindo Francis Goya
Berlim, 6 de Fevereiro de 2018
19h4m
Jlmg
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