sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

Amigo total e fiel

Amigo total e fiel

Não há velhote,
Sentado à porta,
Que não tenha a seu lado,
Alapado no chão,
Um cão dedicado.
Paulatinas correm as horas e dias de sol.
Ele revê seu passado.
O outro, apenas presente.
Passam vizinhos e outros iguais.
Dizem bom dia.
E, o cão dorminhoco,
Respaldado a seus pés,
Acompanha a vida que passa.
Atento e indiferente.
Ninguém se atreva a maltratar o seu dono.
De anjo seráfico se vira um demónio.
Mandíbulas de ferro.
Adora canelas…

Berlim, 31 de Janeiro de 2020
19h17m
Jlmg

quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

Assustado. Não aflito...

Assustado. Não aflito…

Ressoam toadas surdas de silêncio.
De fúria, brame e brame o mar irado.
Sigo na minha praia, pisando o chão.
Olho o céu. Fito ao longe.
Pode ser que venha uma vaga lá do fundo.
Rebente o gelo.
Deste silêncio cru.
Quente, meu peito arfa, de cansaço avesso.
Retino as cordas do meu estro sarapantado.
Uma aragem suave vem.
Me anuncia breve.
Como sabe bem o reencontro.
Rever o céu azul e cantar o louvor dum clarim.
Apagar a sede na fonte perene da calmaria.
É certo e inesgotável quem a alimenta…

Ouvindo Hélène Grimaud tocando Brahms
Berlim, 30 de Janeiro de 2020
11h25m
Jlmg

terça-feira, 28 de janeiro de 2020

Falta-me o tema

Falta-me o tema
Abeiro-me do seixo de pedra, com martelo e cinzel.
Olho-o à tona.
Perscruto-lhe o seio e fico às cegas.
Parece sem alma aquele pedaço de pedra.
Cerro meus olhos e medito.
Pode ser que as duas almas, a minha e a dele, se entendam.
Sim, ele tem alma.
A fé arrasa montanhas.
Sabía-o bem o inexcedível Miguel Ângelo à procura da de David.
Uma chispa ardente saltita à primeira pancada.
Salta uma lasca redonda no chão.
Brotam as letras com laivos de luz.
Iluminam-se ideias que pairavam à solta.
Surge a forma com alma.
Dá-se o milagre.
Um ser animado se levanta do chão.
E fala e canta suave na arte da escrita
como se fosse um artista...
Berlim, 28 de Janeiro de 2020
17h12m
Jlmg

segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

Entardecer



Entardecer

Lentamente o sol vai descendo a ocidente.
Como está longe o mar da Ericeira!
Aquele espectáculo único, de luz e fogo, a inundar o mar azul.
Como lá não vi.
Desta terra negra e fria que a Polónia tem, expeço meu pensamento, envolto em saudade e fico a suspirar pelo dia de regresso.
O fado descreveu-me este destino na idade madura.
Minha descendência se fixou ali ao pé.
Onde vão crescendo suas raízes,
Absorvendo a cultura alemã.
O mais provável é que o futuro será por cá
E nós sem os perder de vista...

Slubice, Polónia, 27 de Janeiro de 2020
15h58m
Jlmg






domingo, 26 de janeiro de 2020

Meu alimento


Meu alimento

Não me alimento de vento nem do mar a bramir.
Meu regalo é o sol e a liberdade de poder voar;
Saborear a aurora e o pôr do sol,
Quando a praia se enche de gaivotas contemplativas.
Adoro ver chegarem, pelo amanhecer, à areia os barcos dos pescadores a esbordar de pescaria.
A alegria irrequieta das andorinhas antes de a noite deixar cair seu cortinado de negrume.
Com saudade, relembro - era eu criança - o céu estrelado, pouco antes de adormecer.
E, depois, sonhar que, um dia, - homem feito - seria minha a vez de ir pró mar...
Berlim, 26 de Janeiro de 2020
12h50m
Jlmg

sexta-feira, 24 de janeiro de 2020

Saltões e Joaninhas


Saltões e Joaninhas

Parecem insignificantes.
Minúsculas criaturas.
Complicadas na sua forma.
Mas a natureza não é ociosa nem perdulária.
Alguma missão lhes deu.
Ambas ganham sua vida interagindo no sistema vital.

Equilibram o meio.

Matéria viva ou morta.
Se estão a mais.
Tudo lhes serve.
A fome mata.
Quando há excesso.
São benéficos.
E, se lhes dá na gana,
viram praga.
São ameaça.
Como no velho Egipto.

Mas, o bicho-homem ainda é pior.
Se se vê aflito, tudo lhe serve.
Até gafanhotos.
E, não é que gostou?
Que o diga São João Baptista...

Berlim, 24 de Janeiro de 2020
12h35m
Jlmg




quinta-feira, 23 de janeiro de 2020

O talento brota do chão


O talento brota do chão
Não precisa de amanho.
Floreados não tem.
Cristalino, brota do chão.
Não precisa de cálculos.
Nasce das mãos.
Laçadas e laços.
Desfazendo meadas.
Na forma mais simples.
À vista do olhar.
É arte a escorrer.
Pinceladas, rabiscos.
Jogos de cores.
Esfacela-se a pedra.
Linhas de rosto.
Adoçam-se as formas,
Em busca da alma.
Buscam-se os sons e os sonhos
que esvoaçam nas pautas.
Cobre-se o quadro com traços de giz.
Calcula-se a órbita da lua e da terra.
Sputniks à frente.
Sem nada lá dentro.
Arrisca-se a Lassie.
Depois, Gagarine.
Poisa-se na lua.
Com saltos de ave.
Fazem-se as malas e se volta a casa.
Viagem à lua.
Já fui e voltei...
Berlim, 23 de Janeiro de 2020
13h17m
Jlmg

quarta-feira, 22 de janeiro de 2020

Suavidade benfazeja...

Suavidade benfazeja...

Ó suavidade benfazeja que inundais as nossas almas.
Fazeis ver com claridade a escuridão da vida.
Seus enigmas.
Suas chamadas divergentes.
Que nos afastam da luz.
Nos sujam a consciência e roubam a perfeição.

Ó suavidade etérea das boas obras.
Que nos aproxima e une à perfeição.
Manto leve e transparente onde se abrigam nossas tendências positivas.
Doce enleio que nos eleva sobre as núvens mais enegrecidas.
Envolvei-nos como a um bébé.
Até que consigamos caminhar em segurança por nosso pé.
Que à vossa luz, nossa mente se ilumine e atinja os cumes da verdade...
Ouvindo Adágios
Berlim, 22 de Janeiro de 2020
10h17m
Jlmg

terça-feira, 21 de janeiro de 2020

O chão da minha aldeia


O chão da minha aldeia

Sabia de cor os caminhos da minha aldeia.
Era negro o chão.
Ficava verde quando o cobria o sol.
Tinha campos e montes onde esvoaçava o passaredo.
Sobre as eiras aloiravam espigas.
Depois de secas, não escapava uma.
Era um mar de neve, a escorrer da mó.
Abençoadas broas que saíam do forno de lenha.
Era um regalo para a semana inteira.

Aquele riacho manso a serpentear perdido pelas fonduras da aldeia.
Dava de beber ao gado, regava as terras e servia de mar a quem não tinha praia.

E aquele folguedo sadio enquanto se vindimava o vinho...
Era uma romaria que galvanizava a aldeia!

Bar dos Motocas, arredores de Berlim, 21 de Janeiro de 2020
15h19m
Jlmg

segunda-feira, 20 de janeiro de 2020

Em busca da verdade

Em busca da verdade

Todo o mundo anda em busca da verdade.
Mesmo o desvairado, quando procura o prazer, o amor e o poder.
Se desvirtua a verdade.
A força e a super-abundância mascaram-na.
A fragilidade e a finitude destes valores falseiam-na.
A pureza da verdade está na limpeza da consciência e no reino da justiça.
E o que impera no mundo é o egoísmo e a crueldade.
Por estes caminhos jamais se consegue a felicidade.

Berlim, 20 de Janeiro de 2020
9h41m
Jlmg




domingo, 19 de janeiro de 2020

Chuva de saudade

Chuva de saudades
Como de sementes cai dos céus uma chuva de saudades.
Quando na flor da esperança e juventude, nos sentimos obrigados para o ultramar.
Eram os valores da escola primária que davam esse fruto raro.
Os valores da pátria a reclamarem as nossas vidas.
Assim o imponha a nossa integração na sociedade.
Solidariedade estiolada pela modernidade egoísta e do venha a nós.
Reina o oportunismo e a injustiça.
É negro o horizonte.
É de temer que, assim,
Se avizinha o fim dos tempos.
Berlim, 19 de Janeiro de 2020
15h58m
Jlmg

quinta-feira, 16 de janeiro de 2020

Ociosidade intelectual



Ociosidade intelectual

Praga infernal. A ociosidade.
E, se é intelectual, então, uma tragédia grega.
Passar a vida a digerir.
Encher o bandulho.
E espreguiçar no preguiceiro.

Para quem não existe a beleza.
Nem a harmonia da sobriedade.
Saborear o vaguear do pensamento.
Reparar nas minudências.
Uma pérola preciosa.
Só das ostras.

Seguir os caprichos da imaginação e da cultura.
Navegar nas ondas da ressonância.
A música e os seus matizes.
Passar a vida alheado da beleza, apenas, é vegetar e sem dar conta...

Berlim, 16 de Janeiro de 2020
9h53m
Jlmg



quarta-feira, 15 de janeiro de 2020

Tarde luminosa


Tarde luminosa

Reina a luz no céu azul.
O arvoredo nu se expõe ao sol como um náufrago que arribou à praia.
Tudo calmo. Não há brisa.
Os Motocas preferem ficar lá fora.
Petiscos e cerveja fresca.
Parecem pássaros famintos a debicar o chão.
Dá-me ganas de ir ter com eles
Mas só aqui posso escrever.
Vejo-os tagarelar e fico a imaginar como estão felizes.
Como é preciosa a liberdade!...

Berlim, 15 de Janeiro de 2020
14h54m
Jlmg

terça-feira, 14 de janeiro de 2020

Flor que murchou


Flor que murchou...

Torna a sorrir, flor do meu jardim.
Olha o sol ridente.
Sente a brisa que vem do mar.
Renasça em ti a vida.
Cheia de cor.
Alegra meus olhos tristes.
Vem viver a plenitude que nos faz feliz!...

Berlin, 14 de Janeiro de 2020
18h20m
Jlmg

Cair da tarde




Cair da tarde

A noite já se anunciou.
O céu de cinza perdeu vigor.
As escolas dispensaram já seus habitantes.
Chegam os aviões da noite.
Vão cheios os autocarros.
A pouco e pouco acendem as janelas do casario.
As donas de casa entregam-se agora a lavar a loiça.
Vem aí o jantar do lar.
É a franja de liberdade que há que aproveitar.
Os miúdos espalham pelo chão seus brinquedos.
Não tarda a chegar o pai.
É a força da família a crescer com força.
Reina a paz e harmonia.
Assim decorre o dia-a-dia, enquanto não vem o mês das férias...

Berlim, 14 de Janeiro de 2020
16h44m
Jlmg


domingo, 12 de janeiro de 2020

Desafio de viver


Desafio de viver

Fomos lançados ao mar da vida onde podemos afogar.
Alterosas são suas vagas.
Não nos deixemos soçobrar.
Temos a capacidade de as vencer.

Viver é um privilégio que encontramos ao nascer.
A natureza no-lo brindou.
Fruir dela em seu vigor.

Cabe-nos manter acesa a sua chama.
Não vá o vento a apagar.
Viver só vale a pena,
Enquanto houver lenha para queimar.

Berlim, 12 de Janeiro de 2020
12h56m
Jlmg



sábado, 11 de janeiro de 2020

Oração




Oração

São de dor e pranto minhas preces pobres.
Clamam paz e declaram guerra ao sofrimento dos inocentes.
O fim do mal e da opressão dos poderosos.
Se implante em toda a parte o reinado da justiça.
Soprem ventos de bonança neste mundo em alvoroço.
Haja calor e pão em todas as casas.
Que a esperança renasça no coração dos aflitos e desesperados.
Quero deitar-me e adormecer sem sobressaltos.


Berlim, 11 de Janeiro de 2020
9h53m
Jlmg


sexta-feira, 10 de janeiro de 2020

Secura e solidão...


Secura e solidão...

Árdua e breve uma vida seca e solitária.
Estéril auto-contemplação da ociosidade.
Triste resposta à oferenda gratuita da nossa vida.
Fracasso duma existência fracassada.
Inverso daquele projecto lindo que te concebeu.
Feio desperdício à sorte privilegiada da existência.
Mas ainda estás a tempo de abraçar a plenitude das tuas capacidades.
Aproveita a oportunidade deste dia!...

Berlim, 10 de Janeiro de 2020
10h24m
Jlmg

quinta-feira, 9 de janeiro de 2020

Suposição apenas?...


Suposição apenas?...

Cheguei ao balcão do Bar Motocas onde já sou habitué.
O rapaz do bar sorri-me como de costume e graceja com um cliente de raça turca, talvez.
Um corpalhão bem nutrido de barba negra. Dos milhares que aqui abundam.

- Este é português.

Olhei-o.

Seu rosto pareceu rebentar de ódio...pensando que sou de Trump ou um nazi.
Desprezo total.

Ficamos ambos embasbacados com esta reacção inesperada.

Para quem trabalhará ele por estas bandas que o tratam bem demais?...

Bar dos Motocas, 9 de Janeiro de 2020
15h34m
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Filantropia


Filantropia

Aquela capacidade de fazer bem ao nosso igual e à terra onde habitamos
- é filantropia.
Acudir prontamente à fome e à doença dos nossos iguais, é bom - é comiseração.
Mas, só no amor, se revela a real dimensão humana.
- Aquele toque que as faz infinitamente mais ricas e as eleva à divindade.

Berlim, 9 de Janeiro de 2020
10h58m
Jlmg

quarta-feira, 8 de janeiro de 2020

Avalanche da noite




Avalanche da noite

Como avalanche a noite resvalou abrupta,
Pondo fim à sedução das cores e da luz do omnipresente.
Seu manto negro cobriu a terra, calando os sinais de vida.

Extingue-se a suave contemplação do azul celeste.
Recolhem aos ninhos as aves por falta de horizonte.
Enchem-se as estradas de carros pressurosos em direcção ao lar.
Em breve, chegará a hora da ceia em família.
Depois, o sossego reinará.
A pequenada recolhe ao quarto, depois de dar a boa-noite aos pais, como estes faziam aos seus avós.
Assim, vai fluindo a vida pelo caminho que ela traçar.

Berlim, 8 de Janeiro de 2020
17h49m
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terça-feira, 7 de janeiro de 2020

O pensamento



O pensamento

Como um golfinho à solta no oceanário, irreverente,
brinca e brinca, divaga e corre na nossa mente.
Solta ideias, chispas de luz que brilham e fazem sentido.
Só ele ouve a voz timbrada do sentimento e a exprime em palavras
que a boca diz.
Espelha a alma e diz dela o que o coração esconde e não diz.
Como um condor, vagueia livre pelas alturas.
Visiona a terra ao pormenor como um lince astuto.
Só descansa à noite para deixar o corpo sonhar com as estrelas.
Escalpeliza as letras como um artista as jóias de kilate fino.
Diz de mim o que ninguém mais pode dizer.

Berlim, 7 de Janeiro de 2020
12h47m
Jlmg

domingo, 5 de janeiro de 2020

Basta de desgraças!...


Basta de desgraças!...

Cessem, de vez, as desgraças que afligem,por toda a parte, a humanidade.
Todos os holocaustos macabros e ignominiosos.
Genocídios implacáveis.
Todas as agressões dos poderosos ao direito das gentes a viverem em paz a sua vida.
Que uma chuva vigorosa de clemência caia dos céus e inunde esta terra a arder e lhe restitua a cor abençoada da verdura.
Floresça de novo a esperança para quem foi desafiado para nascer e quer viver humildemente...

Berlim, 6 de Janeiro de 2019
7h34m
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Aldeias das serras

Resultado de imagem para aldeia na serra em portugal foto

Aldeias das serras

Gosto das aldeias das serras, espalhadas porencostas e vales.
Pequenos retalhos de terra cavada à enxada, com hortas de couves e de pão.
Regados com regos de água da fonte que brota da rocha.
Expostas ao sol e à luz, suas casinhas singelas, bentas por Deus, são alfobres e ninhos de paz.
Onde se rezam as contas à noite e, as Avé-Marias cantadas pelos sinos que tocam de festa quando nasce um bébé.
Servem-nas uma rede de caminhos e barrocas com ramadas e bordas verdes, ocultas.
Há campos lavrados à força dos bois onde esvoaçam os pássaros esmifrando gostosos as larvas nuas ao sol.
Pelos montes à volta, vagueiam rebanhos de ovelhas e cabras que as alimentam gratuitas de carne.
São os redutos de paz onde vive gente sem história...

Berlim, 5 de Janeiro de 2020
8h50m
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sábado, 4 de janeiro de 2020

Clamor ao vento


Clamor ao vento
Brado ao vento invista sua fúria a afugentar o mal do mundo.
Um vendaval apague de vez a perversidade das consciências.
A violência dum tornado reduza a pó todos os castelos da corrupção na terra para que a justiça reconquiste, de vez, a humanidade.
Dissipe todas as núvens que obscurecem as inteligências dos poderosos e aviltam suas vontades.
Destroce todos os exércitos sanguinários que, pelo mundo, sacrificam a vida e os sonhos de inocentes.
Reine para sempre a paz e a bonança da prosperidade de todos os povos.
Berlim, 4 de Janeiro de 2020
9h21m
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sexta-feira, 3 de janeiro de 2020

Da serra ao mar...



Da serra ao mar...
É bom descer da serra ao mar e à cidade.
Atravessar os vales.
Deixar as papoilas e as urzes.
O canto da passarada.
O piar da toutinegra.
Sepultar na areia os segredos que a serra contou.
Vê-la ao longe a carpir saudades.
Sentir a brisa salgada em sal.
Queimar a pele da cor do mel.
Provar o iodo quente das algas verdes.
Saborear as ondas no seu vai-vém constante.
Passear na urbe como um turista a sério.
Entrar na Sé onde o bispo é rei.
Andar de eléctrico sem ouvir motor.
Basta um dia para ficar mais novo...
Berlim, 3 de Janeiro de 2020
19h7m
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Ambição


Ambição
Força propulsora que arranca em nós, não se sabe donde;
Tem a força ingente do destino.
Leva tudo à frente, enquanto não alcança o almejado.
Se, para o bem, todos ficam mais ricos.
Se, para o mal, é daninha como a erva, empobrece tudo em seu redor.
Inflama os sonhos que brotam da alma.
Alimenta a chama como dum balão.
Fá-lo subir.
Atiça nos génios o seu talento.
Cria riqueza, se se dedica ao bem.
Gera beleza, conforme a arte que ela prossegue.
Destrói a paz, se o poder for seu intento.
Berlim, 3 de Janeiro de 2020
17h23m
Jlmg

Aparição

Aparição

Ainda espero o momento da aparição da luz.
Minha mente adormecida mal enxerga a folha de papel para redigir palavras e fixar ideias.
Sombras enigmáticas as ocultam, não sei como.
Queria pintar um quadro às cores
Onde o belo iluminasse com fulgor.
Queria regressar à inocência pura da meninice e sentir o perfume da esperança no futuro
E ver dos céus a terra azul…

Berlim, 3 de Janeiro de 2020
9h31m

Jlmg

quinta-feira, 2 de janeiro de 2020

Que sabemos nós...?



Que sabemos nós?...

Que sabemos nós do Universo?
Desvendar os seus segredos é tarefa ingente que nunca atingirá o fim.
Que sabe a humanidade sobre a vida nas galáxias?
Dos átomos e das moléculas,
Suas leis, milimetricamente, respeitadas.
A teoria quântica e a de Einstein.
Centelhas ínfimas dum mundo imenso.
Por muito brilhantes, nos deixam na ignorância.
Qual o papel do homem no seio dele?
E, perante ele, que valor tem e capacidade o poder da nossa mente?
Com ela, fomos capazes de poisar na Lua e chegar a Marte, depois de dois milénios de reflexão.
Mas não sabemos como funciona e o verdadeiro papel da nossa consciência…

Berlim, 2 de Janeiro de 2020
20h30m
Jlmg





quarta-feira, 1 de janeiro de 2020

Erosão de milénios



Erosão dos milénios

Sujeita à força gravítica do tempo e do movimento sideral,
A Terra, qual nave enigmática, vem-se transformando na busca de dar aos seus habitantes o melhor de si.
Criou imensas reservas de água na crosta gelada dos seus dois pólos para as horas secas da erosão.
Cingiu sua cintura dum cordão denso de floresta verde.
Cobriu-se duma rede de arrecadas sinuosas, seus rios e afluentes, distribuindo a vida pelas aldeias e países dos continentes.
Encheu os mares de populações migratórias no segredo da profundidade.
Se, melhor não fez, foi porque a humanidade a quem serviu, desperdiçou o seu desvelo natural…

Berlim, 1 de Janeiro de 2020
16h30m
Jlmg