terça-feira, 30 de setembro de 2014

para além dos espaços siderais...

Para além do espaço sideral…

Meu pensamento vai de mim 
Por esse espaço além, como nuvem ao vento,
Ou vulcão em chama,
Vesúvio de pompeia,
Atravessa os continentes,
Por mares nunca dantes navegados, ultrapassa os everestes,
E derrama em chuva,
Uma poalha de centelhas,
Que, em cinza,
Querem fecundar o mundo.

Rio longo, ora fino ora largo,
Nascido nas alturas das fragas ignotas,
Vem correndo, carregado de mensagens,
E sobrescritos lacrados,
No segredo do além.
Nem eu sei donde
E o que trazem.
Só abertos se revelam.
São surpresas. São recados.
E miragens de beleza.
Que me arrastam pelo deserto.
Como oásis verdes
E muitas sombras.

Até um lago azul,
Orlado de lírios e de açucenas.
Inundado de perfumes.
Minhas veias afluem
Em misteriosa teia de versos
E de trechos,
Em delírio,
Que apenas, 
Querem cintilar no firmamento,
Como estrelas 
Para os olhos que as virem.

Ouvindo “Nocturnos” de Chopin

É alta madrugada doce

Mafra, 1 de Outubro de 2014
4h16m
Joaquim Luís Mendes Gomes

a casinha onde cresci...

a casinha onde cresci...
ficava na encosta suave dum monte.
em Pedra Maria.
voltada a nascente,
brilhava luzente,
quando o sol
nascia da serra.
era pequena e bastava.
paredes em pedra da rocha granito.
afitada dos lados,
de argamassa pintada na frente.
havia um portal
em chapa vermelha.
que levava à porta de entrada.
não havia batente.
cada pessoa chamava
e entrava.
ao fundo, ficava a cozinha.
onde a mãe, em segredo,
acendia a lareira,
e, com panelas de trempe,
por vezes, com fumo,
fazia o caldo,
com couves da horta,
frango e arroz,
um naco de broa
e um caneco de vinho.
havia um forno,
com porta de ferro.
o pão da masseira
assava lá dentro,
em broas de milho.
e havia o fumeiro,
de chouriças de sangue
expostas ao fumo.
era o regalo da casa,
nos domingos e dias de festa.
lá fora, havia um quintal
e um poço com água no fundo.
deitava-se-lhe o balde
que água fresquinha saía
na corda.
uma ramada de vinho
cobria o terreno.
lá por Agosto,
toda a gente da casa
parava e fazia a vindima.
que infância feliz
minha casa me deu.
melhor que um palácio,
cercado de torres...
Mafra, 30 de Setembro de 2014
21h26m
Joaquim Luís Mendes Gomes

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

interesses ocultos

Interesses ocultos…
Há sempre interesses escondidos,
Por debaixo das nossas passadas.
Nem as escadas,
Por mais disfarçadas,
Decorativas
E bem adornadas,
Deixam de ser o que são.
Abreviam distâncias,
Entre pontos,
Em alturas diversas.
O pensamento,
Baço ou brilhante
Corre cá dentro,
À procura do bom
Ou do belo.
As horas que passam
Marcam o tempo
Para as nossas acções,
Boas ou não.
As promessas que faço
Almejam um bem,
Distante ou escasso,
De que tanto preciso.
Só mereço e encontro,
Se dou, ofereço
E procuro.
Quem espera não sofre,
Se, ao cabo e ao resto,
Houver um abraço apertado
Ao amado que chega.
Quem ama não sofre,
Na noite de amor,
Que será fria e perdida,
Se o amigo ou amiga
Não chega…
o alvor da manhã desperta muito lento, além
Mafra, 30 de Setembro de 2014
7h00m
Joaquim Luís Mendes Gomes

á nada me espanta neste mundo...

Nada me espanta já neste mundo…

Desde que o homem foi à lua…
( dizem que foi verdade!...)

E caíu a muralha negra de Berlim.

E uma horda de presidentes,
Vis e irresponsáveis,
Se sentaram nas cadeiras do magno poder,
Por esses continentes fora,
Sem excepção.
Dum ao outro lado do planeta.

E medonhos tsunamis
Que eu sabia só de nome,
Tudo varreram em enxurrada,
Com uma força ciclópica,
Prédios, árvores, pessoas em multidão,
Como se fossem meras formigas.

E tod os os valores que pareciam mais sólidos
– honra, a palavra de honra, o temor de Deus, o respeito ao próximo e a justiça –

Se pulverizaram em poeira negra,
Toldando o mundo em escuridão.

E as universidades por esse mundo,
trocaram o saber das humanidades
por laboratórios de fazer notas falsas,
a qualquer preço.

E as religiões mais santas
se transformaram em assembleias magnas,
onde se trafica o culto.

E tudo o mais que nem tem conta…

Tudo pode acontecer neste mundo moderno
Que é do diabo
E já foi de Cristo!...

Mafra, 30 de Setembro de 2014
00h16m
Joaquim Luís Mendes Gomes



Árvore do amor…

Árvore do amor…
A vida é um bosque extenso e longo,
De árvores com muitos ramos.
Não é o sol que a alimenta.
É o amor divino.
Que não nasce e se põe
Em cada dia.
Ele está presente ao centro,
Em cada hora
e cada momento.
Não vem de longe,
Nem vem do alto,
Está cá dentro.
Ele mora connosco
Se O deixarmos entrar.
Seu mandamento não é jamais
Que O amemos sobre tudo e todos…
É que O deixemos amar-nos.
Antes de tudo e todos.
Tudo o mais será com Ele.
Sua lei não é a Justiça…
Mas sua misericórdia.
Um mar imenso,
Um mar de amor,
Onde ninguém naufraga.
Uma grande árvore.
,
Com muitos ramos.
Mafra, 29 de Setembro de 2014
7h43m
O dia nascendo com sol e neblina
Joaquim Luís Mendes Gomes

sábado, 27 de setembro de 2014

meu caminho...

O meu caminho…

Avanço sereno mas com firmeza.
Tracei meu rumo.
Vou alcançá-lo com toda a força.

Para isso eu vim.
E sou mais um
A chegar ao fim.

A toda a custa.

 Não é irreal a perfeição.
É um ideal.
Puxa por nós. Faz-nos viver
E frutificar.

Para que serve árvore sem fruto.
De muito pouco.
Dar sombra e lenha.

Lutar com toda a força
E não esmorecer.
Só teimando, 
mesmo caindo,
chegaremos de pé…
mas vamos.

Ouvindo Sinatra em
“my way”

Mafra, 28 de Setembro de 2014
6h54m
Joaquim Luís Mendes Gomes

ramos secos...

Ramos secos…

Para que dão os ramos secos,
Numa árvore de grande porte?
Até os verdes têm de ser podados.

Tudo que é a mais
Não vale e estraga.

O equilíbrio está no essencial.

Só assim se tem leveza e agilidade.
Se vence o caminho
E se alcança a meta.

Até os frutos que as flores dão
Têm de ser colhidos na hora certa.
Para que não apodreçam
E caiam ao chão.

Se ofereçam a quem deles precisa.
Para que os deles
Também nos cheguem.

É na troca
Que se aperfeiçoa.
Ninguém tem exclusivo
Em tudo.

Só com muitas cordas
E instrumentos,
Nos vários tons,
Mas afinados,
Se faz uma grande orquestra.

De madrugada negra

Mafra, 28 de Setembro de
2014

626m

Joaquim Luís Mendes Gomes

incertezas de tudo...

Incerteza de tudo…

Ninguém adivinha o que vai ser amanhã.
Com sol ou com chuva,
Tudo poderá.

De bom ou não…
Só temos na mão o momento que passa.
Vamos prendê-lo…
É pássaro fugidio,
Se escapa num instante
E ficamos a vê-lo.
Com saudade ou com dor.
Nossa é vida é cometa
Vertiginosa a correr.
Não sobe. Só desce.
Não a deixemos perder.

Brilha com cor
Da luz que lhe dá.
Reguê-mo-la com a alegria
Da paz e amor.

É fugaz como um dia
Com sol.
Mal nasce, se põe.
Mas dá para viver
Em pleno e amar…

Ouvindo adágio de Albinoni

Mafra, 28 de Setembro de 2014
1h17m

Joaquim Luís Mendes Gomes

Fazer de conta…

Fazer de conta…

É uma arte que não se aprende.
Faz parte do nosso ser.
É uma lei. Inscrita.
Como o disfarce.

Rugas e cabelos brancos,
A seu tempo vêm.
São a marca que ninguém compra.
São de graça.
Como a chuva sulca a terra.
E escreve a história
Que nunca acaba.
Só na cova.

Ninguém lhes escapa.
Por mais creme.
Por mais tinta.
Só os olhos e o seu brilho.
São da alma e não do corpo.


Mafra, 27 de setembro de 2014
19h53m

Joaquim Luís Mendes Gomes

mundo imenso e moribundo...

Mundo intenso, imenso e moribundo…


estamos num mundo imenso, intenso e moribundo
De paz, amor e de justiça.

Olhos abertos para o egoísmo
E bem cerrados para meia terra

Que come fome…
Bebe a dor
E sofre a guerra.

E, com desespero,
Espera e espera
Que o outro meio,
Que é seu irmão,
O salve de vez
Desta miséria…

Que imundo seria o mundo…

Mais valeria nunca existir.
Se no fim,
Não vencesse
A justiça e o Amor divino…

Ouvindo cânticos Gospel…

Mafra, 27 de Setembro de 2014
8h29m
Joaquim Luís Mendes Gomes



sexta-feira, 26 de setembro de 2014

hino ao Sol...

Hino ao Sol…


Obrigado,
Meu Deus e Senhor,
Por este dia de sol
Que está a nascer.

Por aquelas avezinhas,
Em grupos,
Batendo as asas,
E poisam nos fios.

Pelas nuvens ao alto,
Candelabros brilhantes,
Carregadas de luz.

Pelas copas escuras das árvores,
Cortinados de verde
Que estão a aparecer.

E aqueles cavalos
Que já pastam à frente,
De crinas a arder,
Sacudindo as moscas,
Alheios às guerras do mundo
Que lhes dá de comer.

E aquela bola gigante
Que vem de tão longe,
Ardendo em fogo,
Que sobe tão lenta,
Nos longes dos montes,
Derramando a vida na terra
Que o vê a nascer.

E por todas as horas de sonho
Que a vida me dá,
Olhando, amando,
Sonhando que,
Um dia, por vossa vontade,
O mundo será fraternal
E muito melhor…
Obrigado, Senhor!...

Ouvindo Aleluya, por Alexandra Burke,

Mafra, 26 de Setembro de 2014
7h54m
Joaquim Luís Mendes Gomes



quarta-feira, 24 de setembro de 2014

meu corpo em barro...

Meu corpo…

Como um vaso de barro,
Muito embelezado,
Fez Deus meu corpo
Onde soprou a alma.

Acendeu-lhe o lume
E ela canta.
Chora.
Sorri e ama.
E louva o Senhor,
Pela sua obra bela.
Imensa.

Bendiz a terra verde e terna
Onde, todo o momento, Ponho os pés.
Faço meu ninho.
E vejo o dia.

E louva o sol
Que nunca esquece
Este mundo imenso
Para iluminar.

E aquele mar azul,
De ondas dançando
E um ventre fecundo,
Onde abunda a vida,
Em prata.

E os sorrisos que brotam
Da infinitude de rostos,
Olhos brilhando,
A espelhar de luz…

E o meu jardim em cor,
Exalando perfume,
Caldeirão de amor,
Mal abro a janela.

E os passarinhos cantando,
Mal amanhecendo.
Festejando a vida
Que lhes deu as asas
E os faz voar…

Bendito seja este grande
Artista que é nosso Senhor!...

Ouvindo somewere over, por Israel Kamakawiwo

Mafra, 25 de Setembro de 2014
7h13m

Joaquim Luís Mendes Gomes

palavras ao vento...

Palavras ao vento…
Peço ao vento que leve longe
Minhas palavras simples,
Nestas folhas leves.
Me brotam ferventes
Dum caldeirão
Que arde.
Em combustão latente.
Me fazem saber
Que, mesmo sem mim,
O mundo há muito existe.
Estou atento a tudo
Que se passa à volta.
Tudo me importa.e conta.
E nunca mais esqueço
Que todo o bem que tenho,
Foi a mim que deram.
Nem do mal que faço.
Cresce em mim,
A semente divina,
Duma grande árvore.
Se dá fruto ou não,
Só de mim depende.
Por mor da sorte,
Foi a mim entregue.
Devo cuidá-la.
Nada lhe falte.
E, no fim do tempo,
tudo que ela der,
Terei de prestar as contas,
Com rigor supremo,
Como se nunca houvesse vento…
Mafra, 25 de Setembro de 2014
1h15m
Joaquim Luís Mendes Gomes

terça-feira, 23 de setembro de 2014

minha casa...

Minha casa…
Pedra a pedra,
Se ergueu minha casa.
Num pedaço de terra,
Riscada,
Da encosta dum monte.
Estou a vê-la nascendo.
Primeiro,
Alicerces bem fundos,
Cavados no chão.
A firmeza assentou
No cascalho e cimento
Em massa.
E, bloco a bloco,
Em granito,
Talhado da rocha,
Subiu em parede.
Muralha afitada,
Com a pedra à mostra.
Se rasgaram janelas.
Se abriram as portas.
E, lá dentro,
Se esculpiram
A cozinha e os quartos.
Se encheram paredes,
No topo de todas,
Se assentaram as traves,
Em madeira grossa de pinho.
Se levantou um telhado,
Com telhas vermelhas.
Já podia chover.
Elas eram francesas.
E, o carpinteiro chegou.
Toda a ferramenta em baú,
Lápis na orelha.
Tábua a tábua,
Numa tarefa sem fim,
Armou o soalho,
Tapou o sobrado.
Talhou janelas e portas.
Armários e mesas.
E foi meu avô
Quem tudo pintou…
Na casinha ao sol,
Onde nasceu meu irmão.
Em Pedra Maria.
Mafra, 24 de Setembro de 2014
6h49m
Joaquim Luís Mendes Gomes

não é de pedra meu coração...não

Meu coração não é de pedra…Não!
Não é de pedra meu coração.
Nasceu no horto de minha casa.
Passou na forja.
Com fogo e água se temperou.
Em mim.
Cresceu rebento,
Pelo seu pé.
Começou a bater por si,
Em combustão perene.
e nunca mais parou.
Dia e noite,
Bate e bate.
Nunca quis ter férias.
É certeiro.
Que nem um relógio.
Nunca precisou de corda.
Ele me dá a vida
Com o seu pulsar.
Digo-lhe que descanse.
Ele não quer parar.
Sempre atento ao tempo.
Tudo conta e sente.
E fica tão contente,
Quando lhe chego ao pé.
Nunca saíu de casa.
Prefere viver sozinho.
No calor do lar.
Do que andar na rua,
A morrer de frio.
Mafra, 24 de Setembro de 2014
0h4m
Joaquim Luís Mendes Gomes

azar da vida...

Azar da vida…

Me defendo dos inimigos
Com uma granada de sorrisos.

Sereno os tresloucados
Com mil promessas de paz.

Abraço os deseperados
Que se preparam para morrer.

Barro os caminhos maus
Aos que se querem ver perdidos.

Arranjo mil e uma desculpas
A quem está pronto a se liquidar.

Só não tenho o remédio
Que troca  a sorte
Pela vida…
Além da morte.

Mafra, 23 de Setembro de 2014
19h55m
Joaquim Luís Mendes Gomes


azar da vida...

Azar da vida…

Me defendo dos inimigos
Com uma granada de sorrisos.

Sereno os tresloucados
Com mil promessas de paz.

Abraço os deseperados
Que se preparam para morrer.

Barro os caminhos maus
Aos que se querem ver perdidos.

Arranjo mil e uma desculpas
A quem está pronto a se liquidar.

Só não tenho o remédio
Que troca  a sorte
Pela vida…
Além da morte.

Mafra, 23 de Setembro de 2014
19h55m
Joaquim Luís Mendes Gomes


domingo, 21 de setembro de 2014

da praia da barra...

praia da Barra

Chegam-me aqui,
Ressonâncias longínquas,
Nas ondas do mar.

Me chamam.
E convidam.

Há fragrâncias ocultas,
Magnéticas,
Coloridas de perfumes,
Nos segredos da distância.
Duma flora rica,
Tropical.

Há cabazes de flores,
Que a natureza disseminou.
Têm cores,
Soltam odores,
Da terra virgem,
quando nasceu.

Ali os rios são tão longos,
E tão largos,
São meadas que abraçam,
De lado a lado,
São os celeiros da fauna imensa,
Que ali têm o seu covil.

Por encanto,
Ali jazem,
Ali apelam
Outros olhos
Do além-mar
E outros mundos…

Praia da Barra, 23 de Setembro de 2014
7h37m
Em casa do meu primo Fernando Diogo

Joaquim Luís Mendes Gomes

sábado, 20 de setembro de 2014

mato e silvas...

De mato e silvas…

De mato e silvas
se cobrem as terras incultas.
Que não forem aradas.

Crescem à solta.
Tudo revestem.
Ficam medonhas,
Povoadas de bichos,
Lagartas e cobras.

É assim com as mentes
Incultas que não são semeadas.

Vivendo na sombra,
Sem sol.
De costas viradas
Para as artes do belo
e cultura do espírito.

Sem a semente da escola
Com boas sementes.
O trabalho das mãos
Das mentes que sabem,

Que semeiam,
Regam e podam
Ramagens a mais,
E ervas daninhas
Que não servem para nada.

Buscam alimento,
Adubos de qualidade
E com gosto.

Abrem janelas,
Alargam horizontes,
Estrelas brilhantes,
Clareiras de luz,

Abrem aos ventos,
Sacodem poeiras,
Fuligens que caem das nuvens mais negras
Que nada interessam.

Só com arte e labor,
Se desenvolvem os caules,
Surgem flores,
Nascem e crescem os frutos
E servem as mesas…

Ouvindo Albinoni, Pachelbel
E outros, a partir do youtube

Desabrocha mais um domingo

Pedra Maria, em casa de minha irmã,
21 de Setembro de 2014
5h52m
Joaquim Luís Mendes Gomes

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

pó e secura...

Pó e secura…

A secura, seja qual for,
No corpo ou na alma,
Levanta o pó.

Ardem os olhos,
Impede de ver.
Seca a boca.

E o ar que chega lá dentro
Não dá para viver.

Com o vento a soprar,
Se levanta do chão,
Impede de ver
por onde vai o caminho.

Se há abismo ao lado.

Quem vem contra nós.

Gera distância.
A ausência aparece
E a memória se vai.

Cobre de sombras,
Arrefece o calor
Vem escuridão.
Tudo se esvai.

Se a chuva cai,
Se enlameiam os pés,
Se sujam as mãos.
E tudo em que tocam
Fica feio e sem graça.

Seca o sorriso nos rostos,
Vem a tristeza,
E o negrume das nuvens
Tolda o céu,
Cobre de noite,
Por fora e por dentro…

Morre o amor
E a vida também.

Ouvindo concierto Aranguez, Joaquim Rodrigo,
Recuerdos de la Alhambra

A noite se despede…

Pedra Maria, 20 de Setembro de 2014,
6h31m
em casa da minha irmã

Joaquim Luís Mendes Gomes

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

filho da lua...e do sol...

Não sou um valente. 
Nem figurão.
Ando no mundo,
De olhos abertos,
De vela na mão.

Ando em busca
Duma pérola perdida.
Tenho fé que um dia,
A vou encontrar.
Tanto eu vou procurar.

Percorro o mundo,
Dou voltas sem conta.
Olhando o chão e o ar.

A hora da sorte
Há-de chegar.
Uma questão de esperar.

O universo é harmonia.
Um reino de ordem.
Por lei natural.

É nele que eu vivo,
É dele quem eu sou.
Uma pecinha minúscula,
Vivo unido a outras iguais.
Uma pedrinha com forma,

Encaixado na ordem,
Segurando e seguro,
Num navio de sonho,
Por ordem do rei.

Percorro o caminho,
Batido do sol,
Não caminho sozinho.
Tenho irmãos,
Com fome e com sede,
De paz e de pão.

Dou e recebo,
Semeio e colho,
Olho com fé
P’ró chão
E pr´o céu…

Ouvindo “Hijo de la luna”
por Sara Brighton

Pedra Maria, 19 de Setembro de 2014
6h41m

O dia alvorece, com chuva

Joaquim Luís Mendes Gomes