terça-feira, 30 de setembro de 2014

a casinha onde cresci...

a casinha onde cresci...
ficava na encosta suave dum monte.
em Pedra Maria.
voltada a nascente,
brilhava luzente,
quando o sol
nascia da serra.
era pequena e bastava.
paredes em pedra da rocha granito.
afitada dos lados,
de argamassa pintada na frente.
havia um portal
em chapa vermelha.
que levava à porta de entrada.
não havia batente.
cada pessoa chamava
e entrava.
ao fundo, ficava a cozinha.
onde a mãe, em segredo,
acendia a lareira,
e, com panelas de trempe,
por vezes, com fumo,
fazia o caldo,
com couves da horta,
frango e arroz,
um naco de broa
e um caneco de vinho.
havia um forno,
com porta de ferro.
o pão da masseira
assava lá dentro,
em broas de milho.
e havia o fumeiro,
de chouriças de sangue
expostas ao fumo.
era o regalo da casa,
nos domingos e dias de festa.
lá fora, havia um quintal
e um poço com água no fundo.
deitava-se-lhe o balde
que água fresquinha saía
na corda.
uma ramada de vinho
cobria o terreno.
lá por Agosto,
toda a gente da casa
parava e fazia a vindima.
que infância feliz
minha casa me deu.
melhor que um palácio,
cercado de torres...
Mafra, 30 de Setembro de 2014
21h26m
Joaquim Luís Mendes Gomes

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