domingo, 30 de setembro de 2018

Desafio de viver



Desafio de viver

Fomos atirados para o desafio de viver.
Não fomos consultados por quem nos deu a vida.
Admitamos que foi por bem.
Só assim se compreende e aceita.

Então, vivamos o melhor que pudermos.
Com o respeito de quem teve a mesma sorte.
Cresçamos em todas as nossas faculdades.
Saboreemos o bom da vida.
Cheguemos ao mais alto que for possível.
Vivamos por forma a que nunca nos arrependamos.
Só assim chegaremos bem ao nosso destino,
Quer na terra quer no outro lugar que nos espere.

Berlim, 30 de Setembro de 2018
19h22m
Jlmg

A sirene



A sirene

Lúgubre, de repente, começa a gritar.
Algo aconteceu de mal.
Anda perigo no ar.
O mar está furioso.
Há nevoeiro cerrado.
Partiram os nossos maridos,
Pela madrugada para a faina.
Só a Senhora da Guia
Os pode, sem perigo trazer.
Prometo uma novena a Maria,
À ermida da Santa.
Tantos milagres já fez.
Mais um não há-de falhar.
Que seria da gente,
Sem a pesca no mar?...

Berlim, 30 de Setembro de 2018
9h21m
Jlmg

sábado, 29 de setembro de 2018

A chave



A chave

Aquele objecto, de ferro ou de pau,
Pequenino e discreto,
Se guarda discreto no fundo do bolso,
Põe-nos a cabeça em água
Quando se perdeu o lugar.
Tem o dom de abrir cada porta do mundo.

Vive com o credo na boca:
Perde todo o valor,
Se se perdeu da fechadura.

Afirmo a quem a perdeu
Que tudo tem solução.
Há uma que está sempre à mão,
A que abre a porta do céu...

Berlim, 30 de Setembro de 2018
8h11m
Jlmg







A indiferença das pedras

A pedra não sabe que é pedra.
Se está viva, se morta.

A planta, grande ou pequena, vegeta.
Ganha a existência da terra e do ar.

O animal sofre e se alegra.
Ama e se dá a seu dono.
Indiferente, se é pobre ou é rico
Ou ao tempo que corre.

O homem ao nascer, tornou-se escravo da morte
E, adulto, sabe que contra, nada pode fazer.
Por vezes, por dor, até lhe apeteceria ter nascido planta, animal
ou apenas inerte, como a pedra que não vive nem morre.

Mas, haja o que houver, sente e vê, dentro de si, brilha uma luz de esperança e de fé numa vida imortal como o único sol que lhe dá sentido à vida...

Berlim, 29 de Setembro de 2018
21h40m
Jlmg




Se não todos...

Se não todos...

Se não todos, a maior parte.
Elas e eles.
Gostam de parecer bonitos.
Veja-se a fotografia de grupo,
Num encontro.

Compõe-se os cabelos.
O nó da gravata.
Sorriem, fazem pose.
Olham de lado.
Como não são.

O espontâneo é traiçoeiro.
Mostra as mazelas.
As fealdades.
Aquele gesto duro
Que vem lá de dentro
E espelha a alma.
Esse oculta-se.
Parecia mal.

E, na vida real,
O saber andar, com porte distinto,
Olhar distante.
Ar importante.
Para parecer bem.

Tudo irreal.
A simplicidade autêntica não lhes dá valor...

Berlim, 29 de Setembro de 2018
17h9m
Jlmg
A mesa da minha varanda
Sabe de cor a minha vida.
Acordo. Ela me espera.
Pacata, me convida a sentar.
Apresenta-me uma folha em branco e um lápis e diz:
-Agora escreve o que tua alma ditar.
Oiço-a sempre.
Me surpreendo com o que vem.
É a ela que primeiro leio.
Sorri e diz, sempre que gosta.
Não regateia. Pelo contrário.
Ufana.
Parece que contribuiu para o caso.
- Calhou-me ser mesa. 
Se fosse humana,
também queria escrever na mesa de minha varanda...
Berlim, 29 de Setembro de 2018
15h9m
Jlmg

A mesa da minha varanda

A mesa da minha varanda

Sabe de cor a minha vida.
Acordo. Ela me espera.
Pacata, me convida a sentar.
Apresenta-me uma folha e um lápis e diz:

-Agora escreve o que tua alma te ditar.
Oiço-a sempre.
Me surpreendo com o que vem.
É a ela que primeiro leio.

Sorri e diz, sempre que gosta.
Não regateia. Pelo contrário.
Ufana.
Parece que contribuiu para o caso.

- Calhou-me ser mesa. Se fosse humana,
também queria escrever na mesa de minha varanda...

Berlim, 29 de Setembro de 2018
15h9m
Jlmg



sexta-feira, 28 de setembro de 2018

Saltitando nas pedras



Saltitando nas pedras...

Saltitando nas pedras,
Arrostando o vento,
Braços abertos,
Sorvendo o ar.
Esqueço o lamento
Da alma dorida.

A voz se me prende.
Me toma a alegria
De viver e sonhar.
Ficam para trás
Os negrumes da sorte.
Sorrir e correr é secar
O medo da morte.

Oiço baladas tão quentes, dentro de mim.
Lembranças passadas
De quando menino.
Amado por todos
Que me viram crescer
Com fogo divino.

Pairam no ar,
Como folhas ao vento,
Pétalas dos sonhos
Que tive em criança.

Muitos se deram.
Outros tardam.
Ainda estarão para ser...

Berlim, 28 de Setembro de 2018
15h3m
ouvindo a melodia do Yann Tiersen: 'Pour Amélie' Piano Music (Full Album) played by Jeroen van Veen
Jlmg

Gargalhada



A gargalhada

Sai cá de dentro quando menos se espera.
Ninguém aprendeu.
Nem se ensina a ninguém.
Dispara.
É como o choro.
Por dor ou alegria.

Vem cá de dentro.
Ninguém a reprime.
Dura uns instantes.
Conforme o tamanho da graça.

Pode pegar outra vez,
Se a lembrança a traz.
Como uma centelha ateia
Uma fogueira apagada.

Berlim, 28 de Setembro de 2018
13h00m
Jlmg

quinta-feira, 27 de setembro de 2018

As pastagens



As pastagens
Caíu-me sobre a mesa este tema livre.
Olhei-o de todos os ângulos.
Meus olhos pouco viram.
Fechei-os.
Fez-se luz.
Aquelas mantas verdes e também de urzes,
brilhando ao sol,
Não são de linho.
Nem são de lã.
Servem de mesa aos rebanhos livres.
São repasto da natureza que a ninguém distingue
E tudo dá.
- Podem servir-se na paz de Deus.
Ela o diz a quem o quiser.
Veste montanhas.
Em trajes finos.
Sorri prás estrelas.
Sonha ao luar.
Cai-lhes a chuva.
Dá-lhes carinho.
Quem lucra é o rio
Que corre no fundo.
E, pelas manhãs,
Ao nascer do sol,
Como uma noiva,
Esfrega seus olhos,
Cobertos de tule
E sorri para o mundo.
Bendito o Pintor que as pintou assim...
Berlim, 27 de Setembro de 2018
19h0m
Jlmg

Fujo pró mar...

Fujo pró mar...

Fujo pró mar,
desesperado da terra,
humanidade perdida,
inundada de mal.

Não há buraco do chão
donde ele não nasça.
Enche os palácios,
castelos dos vícios,
escraviza os governos,
com gula atroz.

Tudo lhes serve
pra que possam reinar.
Esgotam as fontes
que alimentam a terra,
com guerras sem conta.

Desgraçam os povos
que vivem pacatos.
Inventam teorias
que fazem tremer.

A humanidade não conta,
no fundo do ser.
Uma terra selvática
donde há que fugir.
Só um dilúvio a voltaria a limpar...

Berlim, 27 de Setembro de 2018
8h48m
Jlmg





quarta-feira, 26 de setembro de 2018

Quando a música sai prà rua...



Quando a música sai prá rua...

Quando a música sai prá rua
e inunda as praças,
dá-se o encontro
entre o divino e humano.

Ninguém resiste.
Tudo pára.
Tudo cala.
Electrizadas,
de sedentas,
as pessoas se lhe entregam.

Se enlevam.
Como em sonho bom.

O sol se abre.
Os rostos se iluminam.
Jorram cores
e, por momentos,
reina a paz...

Berlim, 26 de Setembro de 2018
21h55m
Jlmg



Tepo perdido

Tempo perdido

Encontrei o tempo.
Um monte. Parado e triste.
Estava perdido.
Ali o deixaram.
O monte crescia
Com cada um que parava.
Não tinha futuro.
Não tinha passado.
E, o pior,
Para nada servia.

Tempos sem história.
Retalhos de vidas
Que a vida estragou.
Cheirando a ócio.

Tanta riqueza somada,
Se quem os perdeu
Os tivesse vivido,
Fazendo o bem
Ao serviço de todos.

Só há que esquecê-los.
Que seus donos voltem
E ali fiquem parados,
Perdendo a vida...

Berlim, 26 de Setembro de 2018
17h27m
Jlmg

terça-feira, 25 de setembro de 2018

Melódicas sonoridades...

Melódicas sonoridades...

Melódicas sonoridades se desprendem lá do céu
e trespassam as manhãs na hora do nascer do sol.
São dos pássaros que dançam com alegria a sorte de serem livres.
São os rios em corrente, seguindo a sua marcha, rumo ao mar.
É o vento sibilando sem saber onde vai parar.

São as folhas bailarinas que querem também voar.
Os rebanhos em procissão, que sobem todos contentes prós montes da fartura.

É o cortejo dos devotos que não passam um dia sem ter missa.
É a estrada em maré cheia dos que vão prás fábricas ganhar o dia e, quando voltam pela tardinha.
O gorgolejar das fontes santas que nunca páram de botar.
São as mentes lentas que despertam. Está na hora de acordar.

Berlim, 25 de Setembro de 2018
9h37m
Jlmg



segunda-feira, 24 de setembro de 2018

Não sou rei de nada

Não sou rei de nada

Não descendo de réis nem principados.
Sou filho da terra, da chuva e do sol.
Meus irmãos são os rios e as ravinas.
Vivo numa trincheira onde o vento sopra o dia todo.

Trago em mim as chaves mestras que abrem tudo.
Anda não desvendei o enigma da existência.

Meu ser é sóbrio.
Alimenta-se só da natureza.
Não cultivo nem semeio ostentações.
Cultuo a verdade da simplicidade.
E desprezo furiosamente a tentação de ser quem eu não sou.

Já rasguei todos os cardápios das falsas sabedorias.
Durmo na paz da serenidade
Porque joguei fora as falsidades que me deu o mundo.

Berlim, 24 de Setembro de 2018
22h31m
Jlmg

Serradela

O encanto da serradela

Era aquela. Plantinha verde.
Muito tenrinha.
Muito discreta.
Ninguém reparava nela.

Eram os mais velhos que nos ensinavam.
Era difícil reconhecê-las, no meio de tantas.
E era só delas que eles gostavam.
Os nossos grilos. À nossa conta.

Só assim cantavam.
E dava gosto ouvi-los.
Dentro da caixa,
De amorfos grandes,
Cada um a sua.
-Griii!... Griii!...
Aquele sonido sonoro,
Tremeluzente,
Como sua roupagem,
De tom bem fino,
Faziam coro.
Só com serradela,
Eles cantavam...

Berlim, 24 de Setembro de 2018
21h12m
Jlmg


Se me queres ver alegre...

Se me queres ver alegre...

Se me queres ver alegre,
olha-me nos olhos e sorri.
Dá-me a tua mão para te ajudar a descer para o chão.
Lê um dos meus poemas e, se gostaste,
faz-mo sentir do jeito que tu quiseres.
Até pode ser um beijo ou um simples esgar do rosto, sem palavras,
onde eu leia comoção.

Me alerta dos meus erros, sintácticos ou de grafia.
Realça-me o que mais gostaste para eu tentar repeti-lo.

Vem a mim quando eu disser ou a alma to pedir.
Vamos os dois à beira-mar espraiar os nossos sonhos.
Como crianças,
Jogar à guerra com lances de água e ficar horas a olhar o mar...

Berlim, 24 de Setembro de 2018
9h44m
Jlmg

domingo, 23 de setembro de 2018

Primeira chuva de Outono

Primeira chuva de Outono

Pela calada da tarde, se apresentou pingando
na balaustrada da minha varanda.
Pinga que pinga. Num instante tudo molhado.

Adeus mesa e cadeiras onde me respaldava
À sombra. Sonhando e escrevendo.
O sol gira do outro lado.

Voltou aquele marulhar permanente dos carros pela rua.
Me livro dele e dos aviões constantes, com as portas hermeticamente cerradas.

Paralisadas permanecem as copas verdes das árvores.
Já começaram a cair as primeiras folhas.
Daqui prá frente é um crescendo que só pára
Quando estiverem todas nuas.

Assim se esvai o esplendor de Outono.
A seguir virá a neve e o frio de criar bicho...

Berlim, 23 de Setembro de 2018
19h7m
Jlmg


Gotas de orvalho

Gotas de orvalho
Reluzem ao sol sobre as folhas verdes das videiras.
Pérolas doces que se entranham nas uvas prenhes.
As renitentes escorrem e caem no chão.
Mas se infiltram e as raízes as bebem sôfregas para fazerem seiva.
É o orvalho matinal, suave bênção que as abençoa.
Choram de tristes as gavinhas hirtas,
Depois de secas. 
Nem sequer são folhas nem deram fruto.
E os raminhos tenros, bailando ao vento,
Embalam os cachos como meninos.
Reina o silêncio num sono divino.
E, numa canseira atenta, em segredo lindo,
Tudo se apresta para, no Outono,
Na hora das vindimas,
Na festa das colheitas,
Encherem os lagares de doce vinho mosto...
Ouvindo Frédéric Chopin: Piano Concerto No. 1 e-minor (Olga Scheps live)
Berlim, 23 deSetembro de 2018
10h39m
Jlmg

sábado, 22 de setembro de 2018

Romaria das palavras

Romaria das palavras

Saturadas da clausura no dicionário,
marcaram um dia para sua festa.
Por um dia, seriam livres.
Cada uma, fidalga na sua veste,
saíu prá rua ao nascer do dia.

O sol estranhou.
Toda a gente muda.
Se cruzavam e nada dizia.
Um silêncio imenso.
Como folhas secas,
Rentinhas ao chão,
voavam seres estranhos,
nunca então vistos.
Formavam grupos.
Segundo o género e a função.
Os substantivos,
masculinos e femininos,
traziam, segundo o gosto,
os adjectivos pela mão.
Mais garbosos, eram os verbos.
Faziam dos tempos a sua arte.
Indicativa e conjuntiva,
Conforme as pessoas o queriam,
No passado, no presente e no futuro.
E, disponíveis, para cada verbo,
Conforme a perspectiva,
Do modo, do tempo e do lugar,
Defendiam sua posição de advérbios.
Foi um dia tão festivo para as palavras.
Nenhuma queria regressar ao livro gordo
da clausura onde moravam...
Berlim, 22 de Setembro de 2018
17h15m
Jlmg

Coordenadas da felicidade

Coordenadas da felicidade...

Queria saber as coordenadas dessa sereia que me fustiga a vida num permanente corre-corre.
Me persegue, no dia a dia, e se esconde como o sol.

Queria saborear a vida e ser feliz em cada escolha.
Não escolhi nascer. Mas sinto fome de viver.
Desfrutar o bom que a vida dá.

Segurar meus passos na firmeza da segurança.
Inundar de paz os recantos da minha casa.

Sentir que sou alguém sem nada pedir.

Quero avançar seguro sem temer a escuridão.
Agradeço a admiração que não busquei.

Que os meus actos sejam o espelho do que vai em mim.

Bar do Edeka em Berlim, 22 de Setembro de 2018
10h53m
Jlmg

sexta-feira, 21 de setembro de 2018

A sorte marcou-me à nascença



A sorte marcou-me à nascença...

Deu-me a clarividência da luz que tudo pinta com cores de paz.
Fortaleceu meus braços e me pôs a andar por bons caminhos.
Segredou-me vozes claras que eu fiquei a ouvir quando vier a solidão.

Aumentou em mim o desejo de chegar ao fim com serenidade.
Interpretou majestosamente em mim o doce encanto da felicidade.

Prendou-me a mente com uma pena que faz com arte o que ela pensa.

Quando se esconde receio que ela se vá e nunca volte...

Bar do Edka, 21 de Setembro de 2018
10h28m
Jlmg

A cor das vozes






A cor das vozes

Brilham coloridas ao som do ar
as vozes que a natureza deu.
Seu tom tem cor.
Como a luz do sol,
reflecte a cor da alma.

Faz a ponte entre as mentes que se cruzam.
Encadeiam letras segundo a melodia das ideias.

Umas vezes grave outras aguda.
Sob a batuta da vontade.

Tem a doçura do mel ao sol
Quando sopram as ondas do amor.
Faz estarrecer quem lhe vier com malsãs propostas.

Entoam coros de subir aos céus quando lhes sopra a cor da divindade.

ouvindo "In the Mood for Love - Shigeru Umebayashi"

Bar do Edeka em Berlim, 21 de Setembro de 2018
9h28m
Jlmg

quarta-feira, 19 de setembro de 2018

Feira das arestas

Mercado das arestas

Tal e qual.
Quem não tem em si arestas
para dar e para trocar?
Desde que nos pomos a pé até deitar.
Elas vêm ter com a gente, quando menos se espera.
Aquela topada com a canela no bico da cama.
Fica a doer. Nunca mais passa.

Aquele remoque que vem às três pancadas
De quem não se espera,
Ao sair da escada.
Dá vontade de ficar em casa.

As carrancas daquele amigo, ao segundo dia.
Quando a finesse falsa se esvaiu em chama.
Aquele escaldão de café com leite,
Estava a ferver e não sabia.

Sei lá. Um monte cheio.
Só dá para a troca.
No mercado livre das arestas bravas,
Onde há de tudo,
Feira da ladra...

Berlim, 20 de Setembro de 2018
8h12m
Jlmg

Como será o dia...

 
 
Como será o dia...

Um dia que começa.
Como será?
Como um rio a fluir, o tempo corre.
Ao pulsar da vida.

Sem dar conta, tudo aproxima, inexoravelmente.
O que vinha longe aí está à frente.

Numa roda viva, gira sem voltar para trás.
Traz os sonhos e as ameaças.
As alegrias e as tristezas.

Invade-nos a intimidade.
Nos prende ao chão sem criar raízes.

Soletra as horas todas do calendário.
Escreve direito por linhas tortas.
Nunca esquece quem deixou para trás.
Chegada a hora lhe apresenta a conta.

Quem o traz é o movimento.

Bar do Edeka em Berlim, 19 de Setembro de 2018
10h8m
Jlmg

terça-feira, 18 de setembro de 2018

Sentado num banco

Sentado no banco…
Sentado no banco, na curva da estrada,
Espero à fresca que venha quem espero.
Hoje já tarda.
Vem de longe. O caminho é duro.
Num sobe e num desce
Que nunca acaba.
Arrosta com o sol. 
Arrosta com o vento.
Sabe que eu espero.
Por mais que demore.
Cada dia uma veste 
Na mensagem que traz.
Fruto do tempo, 
Que há ou não há.
Escrita com cor.
Grafia corrida.
Ao jeito da pena.
É sempre bem-vinda.
Ei-lo que chega.
Ar triunfante.
Sorrindo de longe.
A colheita foi boa.
Espera que eu goste…
Berlim, 18 de Setembro de 2018
12h53m
Na minha varanda
Jlmg