sexta-feira, 14 de setembro de 2018

Loiça partida

Loiça partida
Faz pena a loiça partida.
Não importa se de barro se de vidro.
Aquele sabor entranhado.
Aquela arte exacta de nos dar à boca
O caldo de couves ou vinho da pipa.
Unidade perfeita, orientação total
À nossa mão.
Servir de copo, servir de prato.
Panela ou odre.
Tudo curtindo. Submissão total.
Nos revemos nela. O sabor é outro.
Acomodado a nós.
Que desgraça se cai ao chão.
Sem remissão possível.
Faz um vazio. Cheio de sombras.
Jaz no passado.
A nova loiça demorará muito
Até ficar igual.
Feita a nós, como o cão e o gato…
Berlim, 14 de Setembro de 2018
18h21m
Na minha varanda,
Do meu jeito, ao cair da tarde
Jlmg

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