É preciso mergulhar…
É preciso romper
E mergulhar.
Bater à porta para entrar.
Descer ao fundo.
Navegar à solta.
Percorrer os escaninhos mais escuros
Onde nem a luz chega.
Ver debaixo para cima.
Juntar as pedras.
Fundar as bases.
Erguer as paredes
Com toda a firmeza.
Escalar as escarpas,
Esfolando as mãos.
Para chegar aos cumes.
Atravessar estreitos.
Novos horizontes.
Um novo sol abrindo.
Sentir o vento
A soprar bem forte.
Ver a morte, fugindo dos pés.
Alcançar a sorte,
À força dos braços.
Dar laçadas bem apertadas.
E partir subindo.
Mas nunca sózinho.
A solidão chama a tristeza
E o coração não gosta.
Sem coração batendo,
A vida cessa…
Ouvindo concerto nº 3
de Rachmaninov, ao piano, por Argerix
Berlin, 23 de Novembro de 2014
8h25m
Joaquim Luís Mendes Gomes