sábado, 22 de novembro de 2014

caixote de lixo...

Caixote de lixo…
Imagine-se um caixote de lixo.
Ou melhor, uma lixeira.
Municipal ou duma grande urbe.
Uma montanha heterogénea de coisas inúteis.
Uma infinitude sem conto
Nem conta.
Imagine-se agora que,
Por arte do mero acaso,
Aquelas coisas,
Por si apenas,
Se vão combinando,
Organizando,
Emparelhando,
Segundo um plano,
Expontâneo,
Alheio a cada uma delas,
Se entretecendo,
Em forma, conjunto,
Órgão, função,
E, por fim,
Sai em pleno e perfeito,
Um avião supersónico,
Um MG, potente,
Abrangente,
Capaz de dar a volta ao mundo…
Inconcebível…não é?...
Mas, o certo foi que,
Em tempos lá atrás,
Imemoriais,
De milhões de milhões,
No universo imenso,
Perdidos a esmo,
Gravitavam umas dezenas
De elementos,
No extremo da simplicidade,
Todos diferentes,
Aparentemente inertes,
E que, por artes, ignotas,
Começaram uma senda infinita,
De combinações entre si,
Num teia entrançada,
Tão bem urdida,
Ao longo dos tempos,
Por forma tal que
Dela emergiu uma realidade
Nova e autónoma,
Capaz de se gerir,
Crescer,
Reproduzir,
Princípio da vida,
Sentir e…amar…
Que tamanho mistério real
Aconteceu de verdade.
Que nos atordoa e envolve…
Ouvindo Grieg
Berlin, 21 de Novembro de 2014
7h16m
Joaquim Luís Mendes Gomes

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