Palavra d'honra

Palavra d'honra

Moeda oficial 
Que não tem troca.
Curso legal.
Valor de lei.

Cotação suprema.
Sem oscilações.
Não enferruja.
É a reserva d'aço de qualquer banco.

Não dá trocado.
Notas de cem e mil.
O tudo ou nada.
Convem guardá-las num cofre forte.

Enriquece a gente.
Dá-lhes respeito.
Só dizem bem de quem as tem.
Quem as tem é rico.

Nunca se perdem.
Quem as encontra 
Reverte ao dono.
Só têm uma face.
Do começo à morte.

Berlim, 31 de Maio de 2019
10h19m - Dia de sol intermitente
Jlmg

Agências e confrarias

Agências e confrarias

Para todos os gostos.
Há-as por todo o lado.
Em cada esquina.
Clandestinas, umas.
De porta franca, muitas.
Tantas, simpáticas.
Abençoadas.
Outras, menos.
As funerárias.
De ar tão triste.
Vivem da dor dos outros.
Cobram tão caro!
Bem se escusavam.
Levam para a cova.
Mas, um dia, quem as explora, Também vão.
Ninguém escapa.

Mas há os confrades e as confreiras.
Vestes talares.
Chapéus de roda.
Ar opíparo.
Olhar grave.
Gostam da pinga.
E da boa mesa.
Fazem gala.
Uns barrigudos.

Os de São Gonçalo.
Devoram cavacas.
Alegremente.
Ria de Aveiro.

Os do queijo da serra.
Beiços luzindo.
Amanteigados.
Erva do monte.

Os do bom vinho.
Gostam de adegas.
Mesmo sombrias.
Procuram alegria.
Brindam à sorte 
E ao bom convívio.

E, tantas mais.
Variam com a terra.
São solidários.
Dimensão humana.
Geram amizade.
Bons costumes.
Olá, confrade!
Venha um abraço.

Ouvindo Borodin, In the Steppes of Central Asia, Polovtsian dances (Svetlanov)

Berlim, 31 de Maio de 2019
8h28m
Dia em que meu filho mais velho faz 50 anitos...Ensinamos-lhe tudo.
Jlmg

Caminhada da vida

Caminhada da vida

Vai longa a caminhada.
Tanta gente passou por mim.
Tantos já cá não estão.
Daqueles vizinhos que me viram crescer.
Daqueles colegas da minha escola.
Dos professores das primeiras letras.
Tão importantes, nem eles sabiam.

O Sr. Ferreira, dos Mouxinhos,
Polícia aposentado e sua irmã.
Me ensinaram os números e as contas de mais e menos.
O professor Pereira. Vinha de Rande.
Bem aviado de boa cachaça, no Luís Barbosa.

Nunca mais vi a professorinha da Senhora da Hora
Que me levou ao exame da quarta com distinção, na vila.

As catequistas. Algumas mal-humoradas. Davam beliscões.
As da Lage, não.

O Abade João, um santo d´home.
A pastar a cabrinha,
Revelou-me Deus.
O Criador do mundo.
Sempre o vi claro.

O Sr. Babo e sua bicicleta velha.
Vinha da Lage.
Com um saco de milho, sobre o guiador.
Descia a costeira a caminho da feira.

O carteiro da Longra.
O Sr. Bastos, de corneta pronta.
Trazendo as últimas para as namoradas.

A casa do Manel lavrador.
Um enxame de filhos.
Gente boa.

O marchante sempre a berrar com a dona.
Tinha uma língua!...
Ensinou-mas todas.

Os do Cantoneiro.
Um rancho de filhos.
Mais duma dúzia.

E, no lugar da Forca, um mundo à frente.
Havia de tudo.
Latoeiro Guilherme.
Manel ferreiro.
E a Elisinha da venda.
Tudo a fiado.

São tudo sombras que eu bem me lembro...

Berlim, 30 de Maio de 2019
19h13m
Jlmg

Rentinho ao Douro

Rentinho ao Douro

Deambulando por esta calçada de pedra,
Ao lado o Douro,
Rumo à Foz,
Um belo passeio das quartas-feiras.
Uns dois ou três.
Doces momentos de liberdade.
No outro mundo.

Éramos clérigos, em formação intensa.
A semana interna.
Clausura total.
Como era longa.

Fato preto.
Cabeção branco.
Eram a marca.
Não passávamos indiferentes.
Ouvíamos de tudo.

As moças eram atrevidas.
Sentiam-se defraudadas.
Lançavam piropos.

A rapaziada era brejeira,
- Olá, padrecos!
Muitas vezes grossa.
Adeus, mulheres.
Como é possível!...
- Triste ideia a vossa.

Saía caro à alma,
Cada passeio à quarta.
Uma provação difícil
Que fazia mossa...

Berlim, 30 de Maio de 2019
16h44m
Jlmg

Ainda não perdi a esperança

Ainda não perdi a esperança...

Passa-me na frente uma corrente de ideias pálidas, desvanecidas.
Sem forma definida.
Como as núvens que se formam e desfazem pelo céu.

A mente sôfrega não consegue fixá-las.
Brotam não se sabe donde.

Espero ávido uma ao menos.
Que me revele beleza e harmonia por palavras simples, rudes, em tons de cor e luz.
Acenda e ilumine meu horizonte com estrelas e arquétipos cintilantes como emanam de meus sonhos.

Desenhem versos fulgurantes num poema claro e rico que deslumbre todos os negrumes.
Queria partilhá-los por esse mundo aos meus amigos
E torná-los, cada dia, um pouquinho mais felizes.
Essa hora tarda. Mas ainda não lhe perdi a esperança...

Ouvindo Krystian Zimerman - Beethoven - Piano Concerto No 3 in C minor, Op 37

Berlim, 29 de Maio de 2019
15h6m
Jlmg

Cada manhã

Cada manhã

Saio à rua cada manhã.
Buscando imagens da vida em marcha.
Destinos cruzados.
Gente tão díspar.
Ocidente e de leste.
Ásia menor.

Vestes diferentes.
Damas veladas e rostos barbudos.
Como se estivessem em casa.
Parecem felizes.
Corre-lhes bem.

A troco de quê?
Por certo, grandes interesses.
Estratégia infernal.
Entre as potências.

O pior é se mudam os ventos...
Não olham a meios.
Correm com todos.
Sem olhar para trás.

O melhor seria como é natural.
Cada povo seu chão.
Perspectivas diferentes
Como são os falares.

Reboadas da história
Na sua marcha do mundo.
O passado as teve.
E, agora, o presente.

Berlim, 28 de Maio de 2019
9h54m
Dia de sol duvidoso
Jlmg

Gotas da chuva

Gotas da chuva

São balas as gotas da chuva.
Se estatelam no chão.
Abrem crateras.
Parecem vulcões.

Batem na fronte.
Escorrem na cara.
Lágrimas fresquinhas.
Sabem tão bem.

Contas sem conta.
Ao preço da chuva.
Sobraram algures.
O chão ressequido,
Seco do sol,
Batido do vento,
fica feliz.

As sementes rebentam.
Surgem ao ar.
Vestem de verde.
Que regalo é ver tudo a florir.

Não é o acaso.
Tudo perfeito.
Só há que ter fé.
Quem criou tudo isto
Sabe bem o que fez.

Berlim, 27 de Maio de 2019
12h31m
Jlmg

Rubros telhados

Rubros telhados

Rubros telhados, lavados da chuva,
luzindo ao sol.
Tapam os lares e regalam os olhos,
na tardinha de Domingo de Maio.
Que pena! Amanhã, há escola e trabalho.
O que vale, a partir de Junho, a festa das férias.
Viagens. Campo. Campismo. A praia.
Tempo de sonho que a família não esquece.

Do sol ao Minho, abunda o sol.
Latadas de verde. Searas de pão.
Romarias nos montes.
Estralejam foguetes.
Jorra a alegria.

Se reúne a família.
Noitadas de fogo.
Coretos de música.
Confronto das bandas.
Noites sem fim.

A marcha da vida,
No ciclo dos anos.
Reinado da paz.20h11m
Jlmg


Berlim, 26 de Maio de 2019

Atravessar o deserto

Atravessar o deserto

Tens de atravessar o deserto, se queres chegar à borda do mar.
É arida e agreste esta vida.
Às vezes, parece sem norte.
Tem esperança.
De vez em quando aparece um oásis onde poderás descansar.

Agarra-te às forças do céu.
Deixa para trás as do mal.

Entrega-te sempre ao bem.
Deixa rastos de luz.
Ajuda quem vai a teu lado.
Sejas obreiro da paz.
Se tens tudo o que tens,
houve alguém que ajudou.

O bem é semente do bem.
Segue a voz da razão.
E sonha sempre o melhor.

Faz aos outros o bem para que possam dar fruto.

Berlim, 25 de Maio de 2019
8h4m
Dia de sol
Jlmg

Sexta-feira à tardinha

Sexta-feira à tardinha

Num ápice, a semana passou.
Corpos cansados regressam a casa.
Tomam um duche.
Se põem à vontade. Chinelos nos pés.
Se estiram ao comprido.
Sobre o sofá.

Os sentidos serenam.
O trabalho é martírio.
Quem manda é o patrão.
Cobra o que paga.
- Só trabalhas se queres...
Há milhões para o lugar.

Há filhos pequenos.
A casa é cara.
Só resta cumprir.
Ouvir e calar.

O fim de semana é sagrado.
São parcas as horas.
Não se podem estragar...

Berlim, 24 de Maio de 2019
19h59m
Jlmg

Rosto menino

Rosto menino

Tantas rugas cavadas,
do sábio no rosto divino.
Cheias de histórias, sonhos e contos de fadas.
Lêem-nas os netos, filhos dos netos.
Um rosto doirado, há pouco menino.

Obedecem a leis que a vida respeita.
Caminhos traçados que o tempo sulcou.
Escorrem-lhe saudades nas lágrimas dos olhos.
Se avizinham do fim.

Seriam um drama. Não houvesse um depois, num rosto menino,
sem morte nem tempo, por certo eterno.

Berlim, 24 de Maio de 2019
11h13m
Jlmg

Desafio do tempo

Desafio do tempo

Sobraram bolas de pedra, perdidas nos montes.

Quem as deixou?

Cravadas no chão, contemplam o sol e a chuva.

Desfiam as horas dum rosário sem fim.

Porque chamaram a um, no caminho para a escola, "O penedo que fala"?

Se vestem de musgo e eras.

Escavam pedreiras, expostas à força de guilhos.

Servem as pedras dos muros, casebres e casas.

Esteios delgados sustentando ramadas de amoras e vinho.

Assinalam passadas de fenícios e gregos.

Encheram as costas dos mares com padrões e cruzes.

As marcas da história. Que o tempo jamais consegue apagar...

Berlim, 24 de Maio de 2019

10h29m

Jlmg

Doces manhãs

Doces manhãs

Doces manhãs nos traz este sol brilhante.

Pintor das cores e sombras deste quadro belo.

Que fresco o ar onde esvoaçam pétalas.

Fofos tapetes que revestem o chão.

A vida a arder jorra por todo o lado.

Alegres crianças de sacola às costas,

palmilham o caminho que os fará crescer.

Ternas mamãs de turbante posto, ouvem seus segredos que lhes enchem o ventre.

E os matulões, com sua barba negra, ninguém adivinha o que lhes vai na cabeça.

Uns figurões. Dedilham o telemóvel e mais uma fumaça.

Enquanto eu passo atento a tudo. Saboreando a vida célere.

Há que aproveitá-la.

Passa uma vez e nunca mais regressa...

Berlim, 24 de Maio de 2019

8h38m

Manhã de sol

Jlmg

Caleiros do telhado

Caleiros do telhado

Tão discretos. Sempre à espera que a chuva caia.
Pegam nela. Docemente. A levam até ao chão.
E no Verão, servem de abrigo à passarada pobre.
Dão-lhes guarida e não levam renda.

Contra a seca, no rigor de Inverno, enchem depósitos com água limpa.
Podem bebê-la. A fonte é boa.

Quem não gosta deles são as telhas da ponta.
Gostavam de ser elas a regar o chão. Fazendo regos. Criando areia.
Como eu gostava de brincar com ela.
Como se na praia...

Berlim, 23 de Maio de 2019
10h7m
Jlmg

Comboio eléctrico

Comboio eléctrico

Aquele charme e sonho que brotavam do comboio a carvão.

Anunciando a fumo que ia a passar,

entre vales e campos verdes.

Aquele apito agudo ao longe, marcando horas, quando relógios, só da igreja.

O roncar a fundo, quando a encosta teimava em ser mais inclinada.

As carruagens de madeira verde, com janelas de capoeira.

Os bancos de pau corrido em ripas largas, inimigas da vã preguiça e comodismo.

O thuca-thum bem ritmado que puxava à soneca na viagem inteira.

A carruagem de luxo para os fidalgos, com damasco e candeeiros de oiro.

A sala de jantar de príncipes, tão iluminada, onde imperava a etiqueta dum hotel Ritz.

Aquela fumarada e cinzas que entravam pelas janelas, quando ele entrava no túnel.

Para onde foi o romantismo duma era que comboio eléctrico nos roubou?...

Berlim, 23 de Maio de 2019

6h36m - dia de sol...parece

Jlmg

Arrufos do mar

Arrufos do mar

Chegam à praia, soluçando, arrufos do mar.

Vestidos de verde, carregados de sal.

Trazem melopeias e lendas. Cavernas onde o sol não consegue entrar.

Brincam na areia. Ao som do piano.

Abraços sem garra. Carradas de limos e de sargaço de mar.

Naus catrinetas. Caravelas marítimas.

Desvendaram o mundo.

Regressaram caladas.

Com vergonha nas velas.

Afinal, havia mais mundos melhores que o nosso.

Só almejavam especiarias a meio tostão.

Mercadores de promessas.

Ao serviço dos réis...

Ouvindo The Piano (1993) Soundtrack by Michael Nyman

Berlim, 22 de Maio de 2019

19h32m

Jlmg

Do meu varandim...

Do meu varandim...

Solto as asas da imaginação, debruçado no meu varandim.
Lá no fundo, corre um rio. Verde. Fundo. Rocambolesco.
Ali passa desde o meu começo.
Habituei-me a ele.
Tomo um veleiro.

Nele vogo. Livre.
Ora a montante ora a juzante, à sua foz.
Para onde pende o meu dispor.

Corre veloz. Vem lá da serra.
Traz energia.
Só uma barragem lhe amainaria a marcha.
Oxalá, nunca. Quero vê-lo à solta.

Me banho nele. Desde a infância. Garoto de escola.
Me revigoro.
Para melhor viver.

Que seria de mim, sem meu varandim...

Bar dos Motocas, arredores de Berlim, 22 de Maio de 2019
15h16m
Jlmg

Tristonho e cinzento...

Tristonho e cinzento...

A noite foi chuvosa. O dia nasceu tristonho e cinzento.
Chove melancolia nas almas sedentas da luz do sol.
O pensamento recolhe-se em letargia. Refugia-se. Não quer pensar.
O corpo tem vontade de voltar a adormecer.

Só a força de vontade e a vontade de viver pode solucionar este dilema.
Quem tem a liberdade de estar em casa busca a internet para diversão.
Um mundo largo e variado se abre à mão.
Conhecer do mundo as maravilhas pelo youtube.
Saborear horas seguidas de boa música, gratuitamente.
Passear pelo mercado livre do facebook.
Que seria da vida dos reformados sem a fruição destes recursos?...

Berlim, 22 de Maio de 2019
8h22m
Jlmg

Impérios desfeitos?...

Impérios desfeitos

Parecem estáticas as núvens, tamanhos gigantes, formas bizarras, coladas no céu.
Parecem inertes, mas não.
Instantes passados, mudam de cor, tamanho e perfil.
Se vestem de luz. Se afastam ou engrenam.
Regidas por lei.
Montanhas sagradas. Continentes perdidos.
Impeérios desfeitos.
Parecem ou são?
Se sim, com que fim?
Às vezes se zangam. Entram em guerra. Esparzem faíscas. Ruminam trovões.
O mundo tem medo. Nada a fazer.
Passada a arruaça, volta o normal.
Como se nada houvesse.
Afinal, que somos ao pé deste mar que se agita no céu?

Varanda de Berlim, 21 de Maio de 2019
16h51m
Jlmg

Depois da trovoada...

Depois da trovoada e chuva grossa...

Um tapete denso de raminhos e folhas verdes cobria o chão de terra negra.
A água fugira já, deixando rastos de poças humedecidas, com arcos amarelos, de pequeninas pétalas.

Poisadas nas ramagens que vêm do chão, reluziam pérolas faiscando ao sol.

Um casal de cisnes deixou o lago, atraiçoando o bando e subiu no canal.
Devora não sei o quê, mergulhando o bico. Mas deve ser bom...

Em passadas curtas, seguem risonhos, os meninos da escola, com seus parentes.
E, ao colo das mães muçulmanas, vão os pequeninos que as creches ajudam a criar.
Pelo leito da estrada, deslizam em incessante correria, os carros e as carrinhas que fazem de tudo.

Está fresco o ar.
Nada melhor que uma passeata ao pé de casa, no amanhecer do dia.

Ouvindo Martha Argerich - Chopin: Piano Concerto No. 1 in E minor, Op. 11 (2010)
Berlim, 21 de Maio de 2019
9h5m
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Vanglórias...

Vanglórias...

De que servem as nossas vanglórias, se, antes da nossa existência, o génio humano se alcandorou em tratados gloriosos de filosofia,
compuseram magníficos poemas épicos,
tantas óperas majestosas e sinfonias.

Se ergueram esplendorosas catedrais por esse mundo.

E, como irá ser depois do nosso fim inexorável?
Assinalado percurso andado. Se conseguiu chegar da terra à lua.
Nossa ciência se sente sábia.
Desvendou segredos muito bem escondidos na magnitude da Natureza.

Mas, ainda há tanto por desvendar.
Oxalá as gerações vindouras continuem no mesmo rumo, mas, humildemente.
Nunca caia na tentação do seu endeusamento...

Berlim, 20 de Maio de 2019
22h15m

Ouvindo Klaverkoncert A-mol op 16 (1868) Edvard Grieg - Alice Sara Ott - DRSymfoniOrkestret-T. Dausgaard

Jlmg

Um manto de luz...

Um manto de luz

Um manto radioso de luz cobre o casario da cidade.

Se infiltra entre a ramagem dos bosques e chega ao chão.

Ao sabor da brisa terna deambulam como balões os grãos de pólen.

Sem saberem onde vão ficar.

Um bando de corvos esvoaçam ferozmente sobre as alturas das ramagens. Parece o fim do mundo.

Assustados os passaritos se escondem, à pressa, onde podem.

Sorumbáticos os diversos brinquedos do parque infantil, aguardam desejosos que venha a pequenada.

O areal ainda ostenta os sulcos das derradeiras pazadas que ali deixaram.

A trave longa de madeira do baloiço está poisada a norte sobre a roda dum pneu.

A roldana presa à estrutura do escorrega espera que se encha o balde de areia para subir.

À volta estão vazios os bancos das mamãs e das educadoras do jardim infantil.

Os meus olhos, de repente, foram atacados pelo reflexo ofuscante do sol na vidraça do prédio em frente.

Uma boa maneira de correr comigo e me mandar para casa...

Berlim, 19 de Maio de 2019

8h48m

Lindo dia de sol

JLmg