Fogão de ferro a lenha
Vi-o crescer, desde as chapas em folha, que o tio Tónio serralheiro talhou.
Com fornalha e caldeira.
Quatro discos em ferro.
Tapando o fogo.
Encomenda sonhada de minha Mãe.
Vi-a chegar, luzente e perfeito, cheirando a novo.
Foi uma festa.
Regada de vinho.
Em vez da lareira em pedra.
Onde ardiam cavacos,
bramindo lufadas de fumo, por debaixo da trempe.
Regalo e aconchego nas noites frias de Inverno.
Acabou-se a desculpa.
Cabrito assado, loiras batatas e arroz na caçoila.
Tudo ao alcance da Mãe.
Enquanto, em cima, na panela pesada,
se cozem as couves, com azeite e chouriço.
E, sentado no chão, com a lousa da escola, nas noites de inverno, se fazia os deveres que a professora mandou.
Berlim, 8 de Maio de 2019
9h42m
Jlmg
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