Comboio eléctrico
Aquele charme e sonho que brotavam do comboio a carvão.
Anunciando a fumo que ia a passar,
entre vales e campos verdes.
Aquele apito agudo ao longe, marcando horas, quando relógios, só da igreja.
O roncar a fundo, quando a encosta teimava em ser mais inclinada.
As carruagens de madeira verde, com janelas de capoeira.
Os bancos de pau corrido em ripas largas, inimigas da vã preguiça e comodismo.
O thuca-thum bem ritmado que puxava à soneca na viagem inteira.
A carruagem de luxo para os fidalgos, com damasco e candeeiros de oiro.
A sala de jantar de príncipes, tão iluminada, onde imperava a etiqueta dum hotel Ritz.
Aquela fumarada e cinzas que entravam pelas janelas, quando ele entrava no túnel.
Para onde foi o romantismo duma era que comboio eléctrico nos roubou?...
Berlim, 23 de Maio de 2019
6h36m - dia de sol...parece
Jlmg
Sem comentários:
Enviar um comentário