sábado, 1 de novembro de 2014

casa dos sete bicos...

A casa dos sete bicos…


Era a casa do diabo,
Lá na aldeia.
Junto à estrada.

Ninguém a queria.
Toda a gente fugia dela.
Só tinha ratos.
Teias de aranha.
Quando eu nasci,
Já ali estava ela.

Com sete bicos.

Tantos quantos
Os pecados mortais…

Era o da soberba.
Todo imponente.
Voltado à frente.

O da avareza.
Mui bem escondido,
Na rectaguarda.

E o da gula,
Se rindo ao sol,
Esfregando os beiços,
Virado a nascente.

E o da luxúria.
Todo dengoso.
A gingar de ensosso.
Do lado esquerdo.
E bem ao meio,
Um refilão.
Era o da ira…
Pronto a morder.

Lá na crista,
Exposto ao vento,
A espreguiçar-se,
Ficava a preguiça…

E havia um sétimo,
Já lá não está.
Alguém o roubou.

Mafra, 1 de Novembro de 2014
13h11m

Joaquim Luís Mendes Gomes




Sem comentários:

Enviar um comentário