A casa dos sete bicos…
Era a casa do diabo,
Lá na aldeia.
Junto à estrada.
Ninguém a queria.
Toda a gente fugia dela.
Só tinha ratos.
Teias de aranha.
Quando eu nasci,
Já ali estava ela.
Com sete bicos.
Tantos quantos
Os pecados mortais…
Era o da soberba.
Todo imponente.
Voltado à frente.
O da avareza.
Mui bem escondido,
Na rectaguarda.
E o da gula,
Se rindo ao sol,
Esfregando os beiços,
Virado a nascente.
E o da luxúria.
Todo dengoso.
A gingar de ensosso.
Do lado esquerdo.
E bem ao meio,
Um refilão.
Era o da ira…
Pronto a morder.
Lá na crista,
Exposto ao vento,
A espreguiçar-se,
Ficava a preguiça…
E havia um sétimo,
Já lá não está.
Alguém o roubou.
Mafra, 1 de Novembro de 2014
13h11m
Joaquim Luís Mendes Gomes
Sem comentários:
Enviar um comentário