sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018

Saíu um vedor...

Saíu um vedor…
Homem, mulher, 
Saíu, de vara na mão.
Buscando a água bem funda
Que corre no chão.
Avança pelo campo,
Em passadas bem firmes,
A vara num V.
Os olhos à frente.
Agarra-lhe as pontas.
Como os cornos dum boi.
Tremem-lhe as pernas.
Arrepia-lhe a pele.
Os cabelos hirsutos,
Como estacas de vimes,
Se erguem ao ar.
Ruboresce-lhe o rosto.
Os olhos reluzem.
Os ouvidos internos ressoam em brados.
- passa aqui uma veia.
De água fresquinha.
A vara retorce.
Ninguém a segura.
Com o pé faz uma cruz,
No ponto exacto.
É hora agora de lhe abrir o caminho…
Ouvindo My silent cry
Berlim, 9 de Fevereiro de 2018
20h13m
Jlmg

Sem comentários:

Enviar um comentário