sexta-feira, 5 de junho de 2015

Bom privilégio

Bom privilégio

Do outro lado, na rua que cruza a minha rua,
há mini-supermercado
que tem de tudo.

Um alcatruz.
Enche e vaza em cada dia.
Nas doze horas de porta aberta.

De segunda à sexta,
das sete às onze,
nuns cinquenta metros,
ninguém estaciona.
Reboque certo.

Um camião fechado,
de grande porte,
último grito,
à mesma hora,
ali estaciona,
a fazer logística.

Em meia hora,
o condutor, sózinho,
deixa a cabine.
Há botões para tudo.

Abre a trazeira.
Vê-se para dentro.
Um farto armazém!

Um carrinho eléctrico,
muito possante,
enche de caixas
o estrado em frente.

Um ligeiro toque,
da ponta dum dedo,
o desce ao chão.
Mai-lo carrinho.

E, um a um,
como uma pluma,
lá segue em rima,
num vai e vém,
em corropio suave,
do camião ao Super.
Já estava faminto
Para matar a fome...

Um só camião...
e um homem só!

Um bom privilégio.

Berlin, 6 de Junho de 2015
8h57m

não se pode andar ao sol

Joaquim Luís Mendes Gomes



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