1
Quem não conhece
Os mansos cacilheiros.
Deitam-se com a lua..
E
São os primeiros
A acordar Lisboa.
2
Quando se deita tarde
a Madragoa,
Levam as varinas,
Trazem os marinheiros.
Amarram a Cacilhas
E ficam a’dorar Lisboa…
3
Grasnam as gaivotas,
Dormem os peixinhos,
Gemem as canoas
Bailam os cacilheiros
A embalar Lisboa…
4
Se o Tejo cansado dorme,
E a lua cheia espelha,
Sonham os cacilheiros
Co’as namoradas;
Choram as canoas.
5
Pela madrugada morna,
Se a brisa morna aquece,
Bailam os cacilheiros;
Gemem as canoas,
Nas ondas qu’ o Tejo tece…
6
Se o mar bravio, ao longe,
O Tejo negro enfurece,
Oram as namoradas,
Rezam as canoas.
Só aos cacilheiros
O Tejo encrespado
obedece.
7
E se o nevoeiro cai,
E lhes rouba o Tejo,
Choram os cacilheiros
Por não verem, tristes,
Onde está Lisboa…
8
Voltam os marinheiros,
Querem as varinas.
Canta a Madragoa...
Dançam as gaivotas.
E os ledos cacilheiros,
Largam tristes suas canoas.
9
Quando Lisboa acorda,
E o Tejo manso abraça,
Pede ao Cristo-Rei
Que lhe dê Cacilhas,
Lhe traga Almada.
10
Voam as gaivotas,
Chegam caravelas
Mai’los seus cargueiros.
O Tejo baloiça e corre.
Dançam as canoas
Bailam, ao lado, ternos,
Os cacilheiros bailam…
11
E, assim,
Sonham os cacilheiros, mansos,
E baila e bailam,
até ao fim do mundo…
Almada, 30 de Novembro 1999
Joaquim Luís Mendes Gomes
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