quinta-feira, 25 de junho de 2015

Cacilheiros do Tejo

Cacilheiros do Tejo


1

Quem não conhece
Os mansos cacilheiros.

Deitam-se com a lua..
E
São os primeiros
A acordar Lisboa.

2

Quando se deita tarde
 a Madragoa,
Levam as varinas,
Trazem os marinheiros.

Amarram a Cacilhas
E ficam a’dorar Lisboa…

3

Grasnam as gaivotas,
Dormem os peixinhos,
Gemem as canoas
Bailam os cacilheiros
A embalar Lisboa…

4

Se o Tejo cansado dorme,
E a lua cheia espelha,
Sonham os cacilheiros
Co’as namoradas;
Choram as canoas.


5


Pela madrugada morna,
Se a brisa morna aquece,
Bailam os cacilheiros;
Gemem as canoas,
Nas ondas qu’ o Tejo tece…



6

Se o mar bravio, ao longe,
O Tejo negro enfurece,
Oram as namoradas,
Rezam as canoas.

Só aos cacilheiros
O Tejo encrespado
 obedece.


7


E se o nevoeiro cai,
E lhes rouba o Tejo,
Choram os cacilheiros
Por não verem, tristes,
 Onde está Lisboa…


8


Voltam os marinheiros,
 Querem as varinas.
Canta a Madragoa...
Dançam as gaivotas.

E os ledos cacilheiros,
Largam tristes suas canoas.


9


Quando Lisboa acorda,
E o Tejo manso abraça,
Pede ao Cristo-Rei
Que lhe dê Cacilhas,
Lhe traga Almada.


10


Voam as gaivotas,
Chegam caravelas
 Mai’los seus cargueiros.
O Tejo baloiça e corre.
Dançam as canoas
 Bailam, ao lado, ternos,
 Os cacilheiros bailam…



11

E, assim,
Sonham os cacilheiros, mansos,
E baila e bailam,
até ao fim do mundo…


Almada, 30 de Novembro 1999

Joaquim Luís  Mendes Gomes

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