quinta-feira, 4 de junho de 2015

De candeias às avessas...

Candeias às avessas...

Nada melhor que chegar ao fim do dia,
mesmo cansado
deitar na cama,
de consciência tranquila
e passar a noite num sono só.

Abrir as portas e as janelas,
ao nascer do sol,
olhar ao longe
e ver azul o céu
e verde a terra dos montes
e dos vales,
pela cercania.

Galos cantando ao desafio
nas capoeiras
e os cães dormindo,
cansados de uivar à lua,
pela noite inteira.

Abrir a capoeira
e deixar as galinhas
voarem em liberdade.

Ouvir as rolas ocultas
cantarem hinos de louvor,
fazendo coro com o bando de passarinhos.

Sair à rua, chapéu bem posto,
ao cimo da própria cabeça
receber e dar bons dias
a todos os vizinhos que se encontram.

Ir da missa até à feira,
em busca dos bons negócios.

Chegar a casa com a carteira honesta,
se possível,
ainda mais recheada.

Dormir a sesta, sob a sombra fresca duma ramada.

Mas, se vindo lá da cidade,
vem viver novo vizinho,
que entra mudo
e sai calado,
tão indiferente como arrogante,

nem bom dia...nem boa tarde...
sua casa virou castelo,
ninguém sabe o que lá se passa.

nunca alguém lhe viu os dentes, muito menos,
um só sorriso...

Ó castigo e flagelo!
Mais valia aquela casa antes,
lhe ter ardido...

ouvindo Rachmaninov, concerto nº 3

Berlin, 4 de Junho de 2015
20h46m
Joaquim Luís Mendes Gomes

Sem comentários:

Enviar um comentário