quarta-feira, 24 de junho de 2015

Em surdina...

Em surdina...

Com brandura e pézinhos de lã,
vamos abandonar o barco,
deixêmo-lo seguir,
tomemos nosso destino,
à nossa conta.

Vamos para um lugar distante,
onde não cheguem estes ventos
de desvario louco
e comecemos tudo de novo.

Enterremos bem fundo,
sob as profundezas mais profundas,
estas horas e anos
de desatino,
que avassalaram nossas vidas,
fazendo crer
que assim deveria ser
até ao fim.

Nunca mais poderíamos sonhar,
como quando éramos meninos,
tudo era belo e lindo
e o céu azul,
cheio de sol.

Durou tão pouco tempo.
Depois da escola,
veio a guerra,
foi-se a paz,
apagou a chama da esperança.
Veio a derrota.
O abandono ao desbarato.

Por fim, fomos invadidos
por esta horda de irresponsáveis...
Tudo destruiram.

E até a nós, se não fugíssemos...

Berlin, 25 de Junho de 2015
7h39m
à hora em que o nosso cãozito Mozzi, um companheirão de há dezasseis anos, está agonizando em paz ao pé de quem ele amou...e nós a ele...

Joaquim Luís Mendes Gomes

Sem comentários:

Enviar um comentário