sábado, 20 de junho de 2015

Mera quimera

Mera quimera

Vim à varanda na mira dum poema novo.
Apesar da chuva espúria.

Afino as cordas do meu violino
e fico à espera da melodia.

Paira no ar, inaudíveis sons de melancolia,
porque afinal, o Verão não chegou ainda.

Choram caladas as andorinhas.
Queriam bailar ao sol da tarde
Como os cisnes albos num lago verde.

Tristonho o passaredo no bosque ao longe,
trina a finados,
pelo sol defunto.

Dormentes as copas das árvores hibernam da chuva fria que já não esperavam.

As estradas molhadas parecem ferver de raiva,
quando mais um carro lavado
as lavra, esparrinhando tudo.

Desertas de gente,
só com cadeiras,
choram de tristes
as esplanadas.

Ai do Verão mera quimera!...
Ainda ontem o sol
raiava ufano.

Berlin, 20 de 2015 21h37m
Joaquim Luís Mendes Gomes




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