domingo, 12 de outubro de 2014

tudo em saldo...

Tudo em saldo...



armei uma tenda no meio da praça.
pus tudo em saldo.
cinquenta por cento.
um euro por cada poema.
a gente passava.
via-os tão longos,
sei lá,
ninguém lhes pegava.

parti-os em versos.
cada um sua fita.
às cores.
os verdes, com sabor a esperança,
voaram.
num instante.

os amarelos escaldantes,
luziam de sol,
se foram também.

os rubros cheiravam a sangue e a dor.
ninguém lhes tocou.

os azuis, cheiravam a mar.
os olhos sorriam ao vê-los.
se foram depressa.

os castanhos soltavam encanto.
os olhos fechavam.
a alma sorria
e se venderam tão bem.

os lilazes. prendiam os olhos.
as mãos lhes pegavam.
e, quentes, as lágrimas escorriam
nas faces.

os negros. pintei-os de branco,
à última da hora.
se não ficavam no cesto.
e, eu fiquei tão tristonho,
ao vê-los partir.
meus vasos tão lindos,
tão bem enfeitados,
carregados de sonho,
partidos em cacos...

A vida é assim!...
Não sei que lhe faça.

Mafra, 12 de Outubro de 2014
18h39m
Joaquim Luís Mendes Gomes

Sem comentários:

Enviar um comentário