Tudo em saldo...
armei uma tenda no meio da praça.
pus tudo em saldo.
cinquenta por cento.
um euro por cada poema.
a gente passava.
via-os tão longos,
sei lá,
ninguém lhes pegava.
parti-os em versos.
cada um sua fita.
às cores.
os verdes, com sabor a esperança,
voaram.
num instante.
os amarelos escaldantes,
luziam de sol,
se foram também.
os rubros cheiravam a sangue e a dor.
ninguém lhes tocou.
os azuis, cheiravam a mar.
os olhos sorriam ao vê-los.
se foram depressa.
os castanhos soltavam encanto.
os olhos fechavam.
a alma sorria
e se venderam tão bem.
os lilazes. prendiam os olhos.
as mãos lhes pegavam.
e, quentes, as lágrimas escorriam
nas faces.
os negros. pintei-os de branco,
à última da hora.
se não ficavam no cesto.
e, eu fiquei tão tristonho,
ao vê-los partir.
meus vasos tão lindos,
tão bem enfeitados,
carregados de sonho,
partidos em cacos...
A vida é assim!...
Não sei que lhe faça.
Mafra, 12 de Outubro de 2014
18h39m
Joaquim Luís Mendes Gomes
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