segunda-feira, 6 de outubro de 2014

pelas montanhas...

Pelas veredas das montanhas…
Acerto meus passos largos
E parto.
Olhos postos no além.
Olhos os cumes.
Tão enormes.
Tão longínquos.
Ténues, como mantas,
Estendidas nas janelas,
Suas encostas escorrem cores,
Salpicadas de boninas multicolores.
Há nervuras com fragas negras
E caldeiras de água da chuva,
Em estado puro.
Nas frestas mais rubicundas,
Espreitam ramos verdes
De arbustos breves.
Aqui e ali, muito espantadas,
Há orelhitas de gazelas,
De olhos luzentes,
Afitadas.
E os coelhos matreiros,
Em saltos ladinos,
Saltitam entre o mato baixo, as urzes,
Amedrontados.
Há carreirinhos estreitos
A subirem encosta acima,
Como serpentes venenosas, ondulatórias.
Pelos céus, ao pé das nuvens,
Pairam lentas,
Asas abertas, de algumas águias.
Duma caverna aberta negra,
Terra adentro, chegam uivos
Roucos, de meter medo.
Serão de lobos ou de fantasmas.
E o vento impante,
Em correrias loucas,
Se abriga do sol escaldante,
E solta silvos como um esbaforido.
Minhas pernas já tremem
De tantas passadas
meus pés fumegam..
E o suor me escorre
Da fonte quente
Que nunca acaba.
Já vou cansado,
Mas não mais desisto…
Ouvindo Paco de Lúcia
Mafra, 7 de Outubro de 2014
6h44m
Está quase na hora de ir para escolinha - primeiro dia
Joaquim Luís Mendes Gomes

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