Suaves revelações da madrugada…
Era de madrugada alta
Que, antigamente,
Se fazia os assaltos.
Enquanto o amor jorrava,
Quente,
Por essas camas fora
E em muitos cantos.
Se visitava o mar,
Na faina agreste das pescarias.
Se enchia as bancas frescas
De rico peixe,
Por esses mercados.
Se cantava o fado nas mourarias todas
De Lisboa-mãe.
Se recolhiam a casa
Os vadios da boémia à solta.
Se comia caldo verde,
Nas tendinhas da saudosa feira.
Se passeavam os adonaires
E as bonecas da noite,
Pelas sombras macacas das avenidas.
Fazia neblina espessa
Sobre o rio Tejo
Tapando Almada e o Cristo Real,
De saudar ao longe
A Lisboa antiga.
E os marinheiros mais estouvados circulavam afoitos
Pelas ruinhas escuras da Ribeira.
Quando só o luar da noite quente
Velava de graça,
Todos os mortos
E sepulturas…
Mafra, 26 de Outubro de 2014
1h47m
Joaquim Luís Mendes Gomes
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