domingo, 5 de outubro de 2014

as trevas...

As trevas…

Do reino largo e imenso das trevas,
Tudo surgiu.

Até o tempo.

Este comboio pesado e fugidio que nos transporta.

Incessante e sem paragens.

Os passageiros entram.
Insensíveis.
A carruagem que lhes couber por sorte.

Uns em primeira.
Na terceira, em desconforto.
A maior parte.


Por desertos e barrancos.
Por vales verdes e variados.
Furando serras. Túneis longos.

Vai apitando de hora a hora.
E deita fumo.
Gera vórtices de violento vento.
Faz tornados.
Sismos na terra.

Lança jactos para a estratoesfera.

Aglutina a vida por grandes camadas.
Florestas.
Grandes bosques.

Muitas colinas.
E manadas livres
Com seres sensíveis.
Complexos.

Uns menos
E outros mais.

Há-os inteligentes.
Muito capazes.
Tanto ao torto
Como ao direito.
Por vezes, heróis.
Outras,
Uns mafarricos.
Pior que feras.

Os irracionais.
Sem lei nem roque.
Sempre iguais,
No come e dorme.

E nas brumas escuras,
Há os espíritos.

O que fazem.
Ninguém o sabe.

Pairam no céu
E sobre as águas.
Essas moles sem fim,
Cobertas de ondas.
Tudo envolvem.
Um domínio profundo,
Vasto e cavernoso.

Onde impera o silêncio.
E não há caminhos.
Só cardumes de seres sem asas.
Se locomovem.

E, lá nos píncaros,
Uma tela negra.
Abobadada.
Com muitos pontos.
Incandescentes.

Uns cintilam
Outros dardejam.
E mandam luz.
Que rompe as trevas
 E forja o tempo.

Ó que mistério!...


Mafra, 6 de Outubro de 2014
2h3m

Joaquim Luís Mendes Gomes


Sem comentários:

Enviar um comentário