sexta-feira, 24 de outubro de 2014

o final da tarde...

O final da tarde…

Experimento a luz escassa Do anoitecer.

Ardem-me os olhos de Tanto ver,
Sem nada ver.

Perpassa-me na mente, às cegas,
O terrível pavor das madrugadas.

De todo o lado,
Chegam fantasmas mortos
De hora a hora.
Num cortejo incessante
E prepotente.

Vêm extorquir-me a pouca paz
Que consegui no dia,
A troco de promessas falsas
Nunca cumpridas.

Jazem mortos os mortos debaixo das pedras.
E os cães danados
Soltam vagidos.

Me arremessam pedradas,
À falsa fé, os maus amigos.
E, nas horas mortas,
Vibram facadas vis,
Donde menos se espera.

É o final da tarde horrenda do abandono.
Quando, cá dentro, tudo apagou
E já nada arde.

Mafra, 25 de Outubro de 2014
0h58m
Joaquim Luís Mendes Gomes




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