segunda-feira, 6 de outubro de 2014

poder natural...

Poder natural…

Pensei ter-me esquecido muito do passado.
De há muito.

De bom e de não.

Que espanto sinto,
Quando, naquele momento exacto,
Eu dou o tom.
Aponto o que quero.
A luz se acende.
E uma torrente clara
Vem da nascente.
Oculta e fresca.
Inesgotável.

Um reservatório
De lembranças vivas.
Raios de luz.
Pareciam extintos.
Esquecidos no ar.
Levados pelo tempo.

Andavam cá dentro. Comigo.
Presos. Só meus.
Um montão de riqueza.
Acumulada. Arrumada em baús.
Catalogados por fora.

Puxo a gaveta.
E vêm num cacho,
Bagos carnudos. Viçosos.
Se espalham na boca.

Me inebriam,
Como se fossem cachimbo.

Feliz, eu desmaio.

Que poder natural!

Ouvindo “Nocturnos” de Chopin

Mafra, café caracol, 6 de Outubro

Dia tímido de sol…

Joaquim Luís Mendes Gomes

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