terça-feira, 11 de agosto de 2015

de páraquedas...

De paraquedas...

Escalei com esforço esta escarpa alta e íngreme
da serra que eu via ao longe.

Me abeiro do abismo feroz
e ameaçador.
Apronto as cordas do paraquedas que me prendem
e, livre, me lanço, feito uma ave sem asas. Sobre o precipício
que me quer devorar,
mas não devora.
minha arte é bem mais fortes e minhas forças não mais me faltam.
Me entrego ao vento e vou,
em arcos tão longos,
como um arco-íris sem par,
 dum lado ao outro.

Me rendo à beleza desta miragem,
que me faz vibrar. Ondas sonoras me tocam dentro. Harpa vibrante. Violino encantado.
Uma catarata em queda.


Sigo à frente. Baloiçar de ramo.
Arco voltaico em corrente alta. Faísca de som. Trovão da morte. Diapasão sem par.
Me faz tremer.

Muito lento, se aproxima o chão
e poiso meu ser e corpo
sobre esta moita,
cheia de cor e florida.
Me deito no chão.
Como esvaído.

Mas a rebentar de emoção.
Como um louco ...louco...
que não tem emenda.

ouvindo de Rimsky-Korsakow
Shererazade

Mafra, 11 de Agosto de 2015
16h59m
Jlmg

Joaquim Luís Mendes Gomes

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