Não sei viver senão apaixonado.
Pelo dia que clareia,
depois duma noite bem dormida.
Pôr-me a pé.
Tomar o caminho
que me leva até ao cimo
da montanha,
minha vizinha
desde o berço.
Não sei viver sem ela.
Me ampara e esconde
da intempérie
que vem do mar.
Nela se põe o sol.
Já cansado.
Um dia inteiro a correr o céu,
dum lado ao outro.
Dali quase alcanço o mar distante,
Senão fosse a altura doutra serra.
Mas vejo os vales e as encostas verdes,
cheias de campos,
onde florescem vivas as sementeiras.
E os campanários das igrejas espalhadas
com seus adros bem divididos
onde se fazem as romarias.
Vejo os bosques densos de carvalhos e de pinheiros,
onde chilreia a passarada.
E vejo o rio lá ao fundo,
ora largo ora escondido,
dando voltas e mais voltas,
pelas aldeias.
Ali me consolo de ar puro com fartura
e me entrego ao doce enleio de sonhar.
Como eremita oro com fervor ao Infinito
derrame abundantes bênçãos àquelas terras
que eu amo apaixonado...
ouvindo sinfonias de Beethoven
Mafra, 3 de Agosto de 2015
23h10m
Joaquim Luís Mendes Gomes
Sem comentários:
Enviar um comentário