segunda-feira, 1 de janeiro de 2018

O primeiro poema

O primeiro poema...
Sem casca nem gema, pégo na pena.
Procuro abrir a porta fechada.
Mudo de chave. Ensaio e tento.
E em remoinho me bailam ideias.

De repente, há um vulto que chega.
Uma pomba com uma prenda no bico.
Desato-lhe os laços.
Abro a caixa.
Um papelinho de bordos doirados,
dobrado em quatro.
Sustenho o ar.
O estendo e fico a lê-lo, primeiro para mim:
Medito. Vem do além.
- Não temas. Avança. Confia.
Lança-te à água.
Deixa esta margem.
Pró lado de lá.
De longe, tudo assume a forma
e ganha sentido.
O essencial avulta.
O acessório se esvai e reduz.
A distância e a luz fazem brilhar.
Surgem os tons.
O claro e o escuro.
As cores.
Palpita a vida nos seres.
Uma brisa leve e fresca se solta.
O silêncio bafeja.
A alma sobe e medita.
A verdade do ser.
O passado se esquece.
Olha-se além.
Se rasgam caminhos.
Em passadas seguras no chão,
O futuro acontece e se escreve.
Berlim, 1 de Janeiro de 2018
10h39m
Jlmg

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