Despedida do passado
Foram ínvios os seus caminhos.
Nasceu no sítio ou no tempo errado.
Menino prendado se abalançou ao sonho
que despertou na sua mente e foi.
Deixou o seu torrão.
Arrostou de frente como outro
qualquer os dissabores da vida.
Afinal, tudo não passava duma quimera.
Eram falsas as pessoas.
Se revelou um palco a vida onde
singra só quem é arrogante.
Frustrações atrás de frustrações.
Solidão e desespero foram a calda
azeda em que cresceu.
Até que atingiu o seu limite.
E desapareceu do palco.
Abandonou a cena.
Aí errou. Em vez de trocar de campo,
Onde imperasse a natureza,
Em estado mais puro,
Despiu a camisola e lançou-se, sózinho,
ao mar do mundo.
Rumo a um objectivo incerto e
indefinido.
Insegurança e crueldade.
Sobreviver em cada dia e assegurar o
futuro da melhor maneira, foi sua ventura.
Respeitando sempre sua identidade.
E, assim foi.
Hoje, o passado é uma fonte de
pesadelos.
Uma tormenta diabólica em cada noite.
Por fim, livrou-se dela, com uma
catarse profunda ao seu percurso.
Juntou tudo, fez um monte, chegou-lhe
o fogo.
Ao cabo de umas horas, tudo era cinza.
E assim, ficou mais leve para viver a
vida, instante a instante.
Ouvindo Sibelius, sinfonia nº 6
Berlim, 6 de Janeiro de 2018
6h25m
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