Parado às dez…
Cravado à parede da casa,
Desde o tempo passado,
Era branco. Pretos ponteiros.
Os números romanos diziam as horas
que eram.
Partiu-se-lhe a corda e o relógio
antigo,
Sem dono, ali ficou parado. Exausto. Sozinho.
Se lembra o passado e chora.
Se lembra da festa que foi.
Comprado novinho, em folha,
No ourives da vila.
Saíu da caixinha em cartão.
Subiram-no numa escada.
Na parede, um cravo.
Deram-lhe corda.
Soltou uma cantiga sonora.
Como se tivesse garganta.
Ensaiou uma dúzia.
Depois acalmou.
Atirou-se ao tempo.
E ficou. Desde então, contando as
horas do tempo da casa.
Nunca se enganava.
Já sabia de cor.
Ali jaz, calado às dez, coberto de
pó.
Ninguém olha para ele…
Berlim, 19 de Janeiro de 2018
21h33m
Jlmg
Sem comentários:
Enviar um comentário