quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

Eram só ruas as ruas



Eram só ruas as ruas

Quando as ruas eram só ruas
Por onde, como num rio as águas, circulavam apenas as gentes.
De carro ou a pé.

Não havia deles parados.
Como no gargalo as rolhas.
Viam-se as portas das casas.
Livremente se saía das portas.

Nos passeios, havia cadeiras à porta.
Ali se falava de tudo.
Vendo o tempo a passar.
Dali se olhava o passado.
Trocando histórias sem fim.
Sobre as colheitas do campo
E das secas medonhas.

Se ouvia as badaladas do sino,
Acompanhando as horas corridas.

Benditas as tardes à sombra,
Ao pé da soleira da porta.

Entretanto chegava o carteiro
Com novidades dos filhos.
Fazia uma brisa tão fresca.
Nem apetecia deitar…

Ouvindo “ Nocturnos” de Chopin
Berlim, 3 de Janeiro de 2018
Jlmg


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