Eram só ruas as ruas
Quando as ruas eram só ruas
Por onde, como num rio as águas,
circulavam apenas as gentes.
De carro ou a pé.
Não havia deles parados.
Como no gargalo as rolhas.
Viam-se as portas das casas.
Livremente se saía das portas.
Nos passeios, havia cadeiras à porta.
Ali se falava de tudo.
Vendo o tempo a passar.
Dali se olhava o passado.
Trocando histórias sem fim.
Sobre as colheitas do campo
E das secas medonhas.
Se ouvia as badaladas do sino,
Acompanhando as horas corridas.
Benditas as tardes à sombra,
Ao pé da soleira da porta.
Entretanto chegava o carteiro
Com novidades dos filhos.
Fazia uma brisa tão fresca.
Nem apetecia deitar…
Ouvindo “ Nocturnos” de Chopin
Berlim, 3 de Janeiro de 2018
Jlmg
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