terça-feira, 23 de janeiro de 2018

O despertar da toupeira



O despertar da toupeira

Da minha janela, pela manhã,
Ponho-me a ver o despertar da toupeira, na encosta do monte,
No meio das urzes.

Bate-lhe o sol. Aí vem ela saindo da toca,
Regalada da cama.
Estrega os olhitos. Limpa as ramelas. Olha em redor.
Tudo nas calmas.

Lava a cara com a saliva quentinha.
Depois todo o corpo, onde chegam as patas.

Avança cautelosa, pelas veredas de terra.
Debica as folhitas mais verdes.
Come formigas.
E vai. Calmamente. Orelhitas no ar.
Há um gato vizinho.
Uma ameaça constante.

Passa um coelhito,
Nem olha pra ela.
Fica a mirá-lo e faz seu xi-xi.

Às tantas, lá vem a sua vizinha.
Pergunta-lhe pelos seus.
Quando pensa mudar.
A encosta de sempre já não é como era.

A pouco e pouco, está no topo do monte.
De lá vê-se tudo.
-hei-de pegar minhas trouxas e venho para cá.
Assim pensava a toupeira no caminho para a toca.

Berlim, 24 de Janeiro de 2018
8h44m
Jlmg

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