O despertar da toupeira
Da minha janela, pela manhã,
Ponho-me a ver o despertar da
toupeira, na encosta do monte,
No meio das urzes.
Bate-lhe o sol. Aí vem ela saindo da
toca,
Regalada da cama.
Estrega os olhitos. Limpa as ramelas.
Olha em redor.
Tudo nas calmas.
Lava a cara com a saliva quentinha.
Depois todo o corpo, onde chegam as
patas.
Avança cautelosa, pelas veredas de terra.
Debica as folhitas mais verdes.
Come formigas.
E vai. Calmamente. Orelhitas no ar.
Há um gato vizinho.
Uma ameaça constante.
Passa um coelhito,
Nem olha pra ela.
Fica a mirá-lo e faz seu xi-xi.
Às tantas, lá vem a sua vizinha.
Pergunta-lhe pelos seus.
Quando pensa mudar.
A encosta de sempre já não é como
era.
A pouco e pouco, está no topo do
monte.
De lá vê-se tudo.
-hei-de pegar minhas trouxas e venho
para cá.
Assim pensava a toupeira no caminho para
a toca.
Berlim, 24 de Janeiro de 2018
8h44m
Jlmg
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