sábado, 20 de janeiro de 2018

O dom escondido

Aquele dom

Esteve escondido, anos e anos sem dar conta, nos arcanos do meu ser.
Tinha entrado há pouco no remanso doce da aposentação.
Ano dois mil.

Um dia à tarde, quando fazia tempo, esperando alguém,
não sei que foi,
senti vontade de escrever poesia.

Olhei. Um comboio estava parado na estação. Esperando partir.
Conhecia-o tão bem...
Num girar sem fim, só entre o Cais do Sodré e Algés.

Tinha comigo o caderno onde apontava as minhas prosas para os jornais.

Soltei o bico à caneta e deixei-o correr à solta.
Foi por onde quis. Foi só segui-lo.

Como ele sabia tão bem de tudo sobre aquele comboio amarelo que ia e vinha.

No fim, comecei a ler.
As lágrimas explodiram nos meus olhos...
"O comboio amarelo de Cascais" o meu primeiro poema.
Nunca mais parei.

Berlim, 20 de Janeiro de 2018
17h6m
Jlmg

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