terça-feira, 26 de janeiro de 2016

ponte de madeira carcomida

Ponte de madeira carcomida

Tantos projectos. Tantos sonhos.
são como pontes de madeira carcomida.
Basta um sacolão e ela derruba.
Se precipitam e se desfazem.

Arquitectamos grandes obras.
Tantas quintas e palácios.
Cercados de altos muros.
Não toleramos nenhum incómodo.
Dum intruso ou dum mendigo.

Como se o céu azul e o sol
fossem só nossos.
Queremos fabricar as nossas alegrias,
por maneiras insólitas e rebuscadas.
Diferentes do que é vulgar.

São de longe e importantes
os nossos convidados.
Se enchem os nossos terreiros
de grandes carros luzidios e sumptuosos.

Grandes festas, com orquestra e salões de baile.
Tantos brindes encomiásticos.
Como se toda a riqueza fosse o fruto
do nosso labor.
E não de herança.

De repente, a tempestade duma doença
nos desfaz e reduz a pó...

escura madrugada

ouvindo " moonlight" de Beethoven por Hélène Grimaud ao piano

Berlim, 27 de Janeiro de 2016
6h39m

Jlmg

Joaquim Luís Mendes Gomes

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