sábado, 9 de janeiro de 2016

fatia de broa...



Fatia de broa…

Beber um copo de água ao acordar
E, depois, comer uma fatia escura de pão,
Cozido no forno de lenha
É o acto natural dos simples
Que vivem em liberdade.

Muito melhor que todos esses pastéis
Engendrados pela complicada arte
De iludir a fome
Como se fora uma prova de domínio
E não aquele sinal intrínseco
Da nossa incontornável dependência.

Ou aquela panóplia incomensurável
Que a gente invencionou
Para sublimar as nossas vitais necessidades.
Erguendo castelos e grandes palácios
Para garantir o abrigo e sua defesa,
Emoldurando o corpo de sumptuosas vestes
Para o acautelar das inúmeras agressões possíveis.

Que ingente profusão de formas
Para, no fundo, compensar as nossas limitações
E dependências!...

Amanheceu cinzento

Berlim, 10 de Janeiro de 2016
8h10m

Jlmg
Joaquim Luís Mendes Gomes

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