Feira das algas…
Ao amanhecer, sob nevoeiro cerrado,
Entre os vultos rondos da penedia,
Se iniciava em festa, o mercado negro
Das algas verdes.
Cheirava a iodo e a maresia.
O mar especado, assistia calmo.
E os engaços de caudas longas,
Presos aos braços,
Iam buscá-las às ondinhas salsas.
Faziam molhos. Pareciam medas.
Não havia espigas.
Só o folhelho escuro
Enovelado.
E as mulheres de saias,
Descalças, pernas ao léu,
Iam e vinham.
Faziam uma manta.
Exposta ao sol.
Depois de secas,
Vinham os bois,
Cornos agudos.
Puxando os carros.
Eram o adubo dos campos,
Que davam pão
Para todo o ano.
À beira-mar…
Berlim, 2 de Janeiro de 2016
9h28m
Um dia cinza
Jlmg
Joaquim Luís Mendes Gomes
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