Partamos em romagem
à montanha ao longe da alegria
quando se nos enegreceu a vida
com as nuvens da tristeza.
Às vezes, nem se sabem as razões.
É uma onda subterrânea que nos invade a alma.
Que vem de longe. Tudo cobre e tolda.
tornando escuro o nosso céu.
A razão mais frequente é apenas
é o lago da rotina em que caímos.
O sol nasce e se põe em cada dia.
E estamos sempre na cepa torta.
O mesmo jornal que se abre.
Só escorrendo maldições.
a Tv acesa que nos carrega a mente
de banalidades.
Aquele tipo que passa sempre
à mesma hora,
carregado de malquerenças para contar.
É a vontade de viver que se vai desfigurando.
Tudo perde o seu sabor.
Até comer é perder tempo.
Só fumar ou beber
é que cai bem.
Nem sequer a água limpa
nem o sabão se pode ver.
Pois bem.
Tudo páre. Está na hora de fechar os olhos.
- Assim, não!
Peguemos em nós.
Aligeirados. O essencial.
Partamos em romagem
até ao alto daquele monte
mais alto que de longe nos viu nascer.
É lá que mora a calma e o silêncio.
Vêem longe e fundo os nossos olhos.
Cada coisa no seu lugar e dimensão.
Se enxerga tudo a toda a volta,
as encostas e os vales verdes.
Lá ao fundo, um rio corre serenamente
e tudo leva e lava.
A pouco e pouco se nos vai esvaindo,
como duma chaminé,
toda a fumarada negra e espessa
que toldava o nosso íntimo.
E toda a leveza e claridade que nos envolve
se entranha em nós,
aliviando a nossa carga.
Corre mais puro e vivo
o sangue nas nossas veias
restituindo ao corpo a sua força.
Lentamente, vai despertando de dentro
como planta verde,
a frondosa árvore da alegria
e crescerá em nós a vontade viva de viver...
ouvindo Beethoven
Berlim, 15 de Janeiro de 2016
7h21m
Jlmg
Joaquim Luís Mendes Gomes
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