Romaria das sombras…
Era tradição. Antiga.
Vinha dos antepassados.
Naquele dia treze de Novembro,
Se levantavam cedo do campo santo.
Vestiam as melhores sedas
E em cortejo lento e silencioso,
Subiam pela encosta acima,
Até ao lugar do Monte.
Iam pela sombra fugindo ao sol.
Escondidas dos mortais com vida.
Era uma romaria.
Não havia tendas.
Não se vendia vinho.
Não havia sermões.
Lá na confraria.
Ali se encontravam todas.
Já não havia inveja.
Já não havia ódio.
Lembravam o seu passado.
Ali contavam histórias.
Todas as horas boas.
Todas horas más.
Confraternização total.
Só quando chegava a noite,
Ali voltavam elas.
Tão prazenteiras,
Como se duma festa.
Vinham tão alegres.
Recolhiam às suas covas,
Como se fossem casas…
Berlim, 18 de Novembro de 2015
20h25m
Jlmg
Joaquim Luís Mendes Gomes
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