domingo, 29 de novembro de 2015

renascer...

Renascer...

Desaparecer do torrão onde se nasce
porque a vida assim ditou
não quer dizer esquecimento.
Poucos anos tenham sido
os que lá se viveu.

É tão forte o apelo daquela terra,
donde sairam as ínfimas partículas vitais
que alicerçaram o nosso ser
e formam as traves mestras deste corpo iluminado.

Bem se sente, cada vez que a ele se regressa,
depois duma longa ausência.

Parte de nós são a terra e suas gentes.
Porque de todos foi a matéria prima.

Tudo o que vem depois
são apenas as telhas do telhado,
suas portas e janelas.
Bem se trocam
como as roupas que vestimos.

É único o perfume da terra negra,
depois de arada.
Nunca esquece.

E as cores das sementeiras
quando brota a primavera.

Os zunidos que se ouvem,
quer de dia quer de noite,
do passaredo e das abelhas.

O mesmo compasso das horas quentes
e horas mortas.

As mesmas formas de sorrir e de falar,
os mesmos ditos que se trocam
na vizinhança.

Quem faz bem o que se precisa,
sem o risco de enganar.

Quem acudiu pronto,
nas nossas horas de aflição.

Tudo isto e tanto mais
é uma voz aguda e um forte apelo
que nos chama dentro,

estejamos onde estivermos,

só nós ouvimos
e mais ninguém,
em cada dia,
muito mais na hora do regresso...


ouvindo Mendelsshon, sinfonia nº 3

Berlim, 29 de Novembro de 2015
21h24m

Jlmg
Joaquim Luís Mendes Gomes

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