quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Pela cidade, sozinho…

É bom vadiar pela cidade,
Sozinho, cachecol ao pescoço,
Respirando a frescura do rio,
Baforadas de fumo,
A saírem das narinas.
Um fumador.

Tabuleiros da ponte,
De cima e debaixo,
Rentinho à água.
Para cá e para lá.

Barcos rabelos,
Com pipas de vinho,
Vieram da Régua.
Dormiram calados,
Presos com cordas.

Se abrem as tendas com gula.
São das varinas peixeiras
E açafates de fruta.
Vieram da Foz e das hortas fresquinhas.

Se ouvem pregões.
Chamando os fregueses.
Caem sonoras as badaladas sineiras
Da Sé, chamando para a missa.
Os cónegos dormentes,
Com vestes talares,
Sobem as escadas.
Vão para o altar.

As beatas já estão.
Esperando por eles.
E o sacristão sonolento,
De cana na mão,
Acende as velas.
Escorrendo de cera.

É hora das almas
Que esperam sedentas
No lugar em que estão…

Com saudades,
Passeando pelo Porto…

Berlim, 12 de Novembro de 2015
7h52m

Jlmg
Joaquim Luís Mendes Gomes



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