Manada de bois bravos…
Uma manada de bois bravos zarpou das verdes boninas do Ribatejo e veio
passear-se pelas ruas mansas de Lisboa.
Suas hastes hirtas e retorcidas se agitavam curiosas, contemplando
extasiadas, as vitrinas resplandecentes, nunca vistas.
Cerimoniosos, como damas, se afastavam, fazendo alas,
Para passarem os eléctricos amarelos pelos seus trilhos reluzentes.
Ao dar de frente com o cavalo de dom José, se tresmalharam receosos,
pelas ruas estreitas até ao Rossio.
Subiram atentos, a avenida larga da Liberdade,
e, embasbacados, se quedaram, frente à altiva estátua do Marquês,
segurando pelas rédeas o seu cavalo.
Flectiram à Estrela, a rezar uma ave-maria:
- Nunca lhes faltasse a erva verde ou a mesmo a palha, pelos estios
quentes à beira Tejo.
Subiram a visitar os seus parentes já partidos, nos Prazeres.
Mas foi frente a São Bento das portas francas, que especaram.
Para ouvirem as atoardas, que soltavam lá dentro, os representantes.
Tranquilamente, desceram até ao Tejo.
Ali ficaram a ver lá longe, o outro lado. O mesmo rio, ali tão largo.
Se encheram com tanto toiro
todos os bojudos batelões que ali boiavam.
Era noitinha, quando se viram de novo, a pastar pelas lezírias,
bendizendo aos céus pelo passeio, em boa hora, desde ali até Lisboa, a
capital…
Berlim, 23 de Dezembro de 2017
17h22m
Jlmg
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