sábado, 23 de dezembro de 2017

Manada de bois...



Manada de bois bravos…

Uma manada de bois bravos zarpou das verdes boninas do Ribatejo e veio passear-se pelas ruas mansas de Lisboa.

Suas hastes hirtas e retorcidas se agitavam curiosas, contemplando extasiadas, as vitrinas resplandecentes, nunca vistas.

Cerimoniosos, como damas, se afastavam, fazendo alas,
Para passarem os eléctricos amarelos pelos seus trilhos reluzentes.

Ao dar de frente com o cavalo de dom José, se tresmalharam receosos,
pelas ruas estreitas até ao Rossio.

Subiram atentos, a avenida larga da Liberdade,
e, embasbacados, se quedaram, frente à altiva estátua do Marquês, segurando pelas rédeas o seu cavalo.

Flectiram à Estrela, a rezar uma ave-maria:
- Nunca lhes faltasse a erva verde ou a mesmo a palha, pelos estios quentes à beira Tejo.

Subiram a visitar os seus parentes já partidos, nos Prazeres.

Mas foi frente a São Bento das portas francas, que especaram.
Para ouvirem as atoardas, que soltavam lá dentro, os representantes.

Tranquilamente, desceram até ao Tejo.

Ali ficaram a ver lá longe, o outro lado. O mesmo rio, ali tão largo.

Se encheram  com tanto toiro todos os bojudos batelões que ali boiavam.

Era noitinha, quando se viram de novo, a pastar pelas lezírias,
bendizendo aos céus pelo passeio, em boa hora, desde ali até Lisboa, a capital…

Berlim, 23 de Dezembro de 2017
17h22m
Jlmg

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