Asas negras…
Tinham asas negras as cartas que iam da guerra.
Carregadas de saudades. Angústias. Depressões.
Duas pagelas com linhas estreitas.
Eram leves. Um sobrescrito, debruados com as cores, verde e rubra.
Não precisavam de selo. Só carimbo.
Quem as levava e as trazia era uma avioneta. Tão franzina.
Se ouvia ao longe. Por cima das bolanhas. Das palmeiras.
Rentinha ao chão.
Era amarela. Depois, o jeep. Zarpava lesto. Rumo ao campo. Aberto à enxada.
Levava sacos. Trazia sacos
Era a troca.
Depois, a festa na parada.
A chamada, nome a nome.
Pelo alferes.
Ansiedade. Será que vem?
Era a incógnita.
E uma nuvem de silêncio.
Baixava abrupta.
Era o deserto.
O recolhimento, para aquele encontro, na camarata.
Doce bálsamo.
Só quem lá esteve e passou por elas,
O sabe quanto…
Berlim, 8 de Dezembro de 2017
20h33m
Jlmg
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