sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

Asas negras...

Asas negras…

Tinham asas negras as cartas que iam da guerra.
Carregadas de saudades. Angústias. Depressões.
Duas pagelas com linhas estreitas.
Eram leves. Um sobrescrito, debruados com as cores, verde e rubra.
Não precisavam de selo. Só carimbo.

Quem as levava e as trazia era uma avioneta. Tão franzina.

Se ouvia ao longe. Por cima das bolanhas. Das palmeiras.
Rentinha ao chão.
Era amarela. Depois, o jeep. Zarpava lesto. Rumo ao campo. Aberto à enxada.

Levava sacos. Trazia sacos
Era a troca.

Depois, a festa na parada.
A chamada, nome a nome.
Pelo alferes.
Ansiedade. Será que vem?
Era a incógnita.

E uma nuvem de silêncio.
Baixava abrupta.
Era o deserto.
O recolhimento, para aquele encontro, na camarata.
Doce bálsamo.
Só quem lá esteve e passou por elas,
O sabe quanto…

Berlim, 8 de Dezembro de 2017
20h33m
Jlmg

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