segunda-feira, 20 de abril de 2015

terra dos preconceitos...

terra dos preconceitos...
não havia pior
que aquela aldeia,
na encosta da margem,
dum rio sem nome,
afluente do Douro.
para lá do Pinhão.
quem lá mandava
era o abade.
figura jazente,
bravia e solene.
esquecida do bispo,
em Lamego.
na hora da missa,
a igreja se enchia.
ao último toque de sino.
primeiro, as crianças.
homens à frente.
cabeças, sem nada.
a seguir as mulheres.
de vestes compridas,
cobertas dum lenço,
ou dum véu.
só se lhes via o rosto.
para não pecarem
nem fazerem pecar.
ninguém tossicava.
bébé que chorasse
era posto lá fora.
ai do menino
ou rapaz
que esboçasse um sorriso.
só se ria uma vez.
havia alguém.
o tomava pelo braço
e o fazia sair...
Mafra, 20 de Abril de 2015
Joaquim Luís Mendes Gomes

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