tanta coisa de mim
ficou pelo caminho.
só a lembrança...
o acordar pela manhã,
em cada dia,
com vontade de brincar.
com tudo
e sem parar.
andar descalço,
juntinho ao chão,
de terra e barro.
fazer poços.
enchê-los de água
e vê-la sumir...
o caminhar das formiguinhas,
na sua vida,
pelos carreiros fora...
atirar à fisga.
partir canecos.
às vezes telhas,
para afinar a pontaria.
fazer corridas,
costeira abaixo,
com prego ao fundo...
trepar carvalhos
e sentir-lhe a frescura
dos seus ramos.
no calor do estio.
descer aos poços de água,
como alpinistas.
ó que aventura!
se os pais soubessem...
deitar no chão
numa cama de musgo...
e dormir a sesta.
descobrir os ninhos
e contar-lhes os ovos.
um banho no rio
como vim ao mundo.
e o regressar a casa,
credo na boca,
ao cair da noite.
o que a mãe ralhava!...
Mafra, 29 de Abril de 2015
21h17m
Joaquim Luís Mendes Gomes
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