quinta-feira, 2 de abril de 2015

enganei-me nas horas...

atrasei-me na hora...

fui convidado.
arrangei-me a preceito.
terno preto.
camisa e gravata.
verniz nos sapatos.
tudo o melhor.

pus-me a caminho.
passadas umas léguas,
entre campos e vinhedos,
subi a ladeira,
e o palácio apareceu.

fulgurante. tantos jardins.
estátuas em mármore,
cheias de charme.
 lagos com cisnes.
pavões armados.

ouvia-se os cães.
dentro das cercas.
não fosse o diabo tecê-las.

tantos coches à porta.
e algumas charretes.

os cavalos brilhando,
sacudiam as crinas
das moscas.

subo o escadório.
abrem-me as portas.
com toda a cerimónia.

senti-me um senhor.

me levam ao salão.
estava tudo sentado.
cadeirões de damasco.

e no meio da pista,
giravam casais.
dançando as valsas.

minha barriga tinia,
cheia de fome...

fiquei sem comer.
bailar é que não fui.

um erro nas horas...

Mafra, 3 de Abril de 2015
20h39m
Joaquim Luís Mendes Gomes


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