atrasei-me na hora...
fui convidado.
arrangei-me a preceito.
terno preto.
camisa e gravata.
verniz nos sapatos.
tudo o melhor.
pus-me a caminho.
passadas umas léguas,
entre campos e vinhedos,
subi a ladeira,
e o palácio apareceu.
fulgurante. tantos jardins.
estátuas em mármore,
cheias de charme.
lagos com cisnes.
pavões armados.
ouvia-se os cães.
dentro das cercas.
não fosse o diabo tecê-las.
tantos coches à porta.
e algumas charretes.
os cavalos brilhando,
sacudiam as crinas
das moscas.
subo o escadório.
abrem-me as portas.
com toda a cerimónia.
senti-me um senhor.
me levam ao salão.
estava tudo sentado.
cadeirões de damasco.
e no meio da pista,
giravam casais.
dançando as valsas.
minha barriga tinia,
cheia de fome...
fiquei sem comer.
bailar é que não fui.
um erro nas horas...
Mafra, 3 de Abril de 2015
20h39m
Joaquim Luís Mendes Gomes
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